ThiagoDamasceno: Um Dia Como Hoje 02: O Diário de Um Duo Chamado VIAJANTE CLANDESTINO

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um Dia Como Hoje 02: O Diário de Um Duo Chamado VIAJANTE CLANDESTINO


VIAJANTE CLANDESTINO: O Segundo Dia de Gravação de Clipes

Por Thiago Damasceno

Brasília-DF, terça-feira, 20 de dezembro de 2011

            Acordei às cinco da manhã. Precisava ligar pra um táxi pra ir até a rodoviária e pegar um ônibus pra Brasília e colocar um último álbum de música no meu MP3: o “The Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd. Fundamental pra se ouvir deitado na cama, numa noite melancólica e solitária. Feito isso e carregando uma mala, uma mochila, um violão e um pedestal pra microfone, me sentia pronto pra gravar mais clipes e canções do Viajante Clandestino.

            O ônibus chegou na hora certa e a viagem foi tranquila... Até certo ponto. O rapaz que sentou ao meu lado curtia um som que eu gostava (espiei o visor do seu MP3), mas ele dormiu como se não houvesse amanhã. Nas poltronas do outro lado estavam sentadas duas garotinhas que deviam ter uns sete ou oito anos. Aparentemente inofensivas... Assim, esparramei-me no banco e ouvi meu MP3. Quando cheguei em Brasília, um infortúnio bateu calorosamente em minha porta.

            Ainda no ônibus, enquanto eu batia cabeça com o rock do Barão Vermelho, percebi que umas das garotinhas havia vomitado no corredor, ou seja, entre a poltrona dela e a minha. Soltei um leve sorriso ao ver o Toddy que ele havia tomado minutos atrás esparramado no chão com algumas migalhas de pão. Pensei algo como “Ainda bem que eu não estava com o pé esquerdo no corredor, senão, o vômito o teria atingido em cheio”. Pensei e olhei pro meu tênis esquerdo e estavam lá... Estavam lá as reminiscências, os fragmentos do vômito daquela meiga criatura. Refleti no quanto eu havia lavado tão bem o tênis (meu preferido) só pra viajar e aquela estranha, com seus sucos gástricos repulsivos, sujou uma parcela dele. Isso contribuiu pro meu desejo de sair logo do ônibus e chegar à casa de Heitor Lopes, meu parceiro. Veja que comecei as coisas, literalmente, com o pé esquerdo.

            Levantei-me da poltrona e fui ter com o motorista. Uma mulher que estava sentada perto da porta da cabine me ajudou a abri-la (todas são emperradas) e eu perguntei pro motorista se o ônibus pararia na Rodoviária do Plano Piloto ou na Interestadual (onde eu havia combinado com Heitor). Ele disse que pararia na Interestadual. Então desci na primeira rodoviária onde o ônibus parou. Mais por desespero (o fedor do vômito estava ficando cada vez mais azedo) do que por necessidade. Peguei meu violão e minha mochila e desci. Liguei pra Heitor e informei onde eu estava. De repente, a mulher que havia me ajudado a abrir a porta do motorista materializou-se na minha frente e disse: “Ei, essa rodoviária é a de Taguatinga, a Interestadual é a próxima!”. Ela tinha ouvido minha rápida conversa com o motorista e me ajudou naquele momento. Pura sorte minha! Voltei com tanta pressa pro ônibus que até esqueci de agradecê-la.

            Dentro do ônibus, mais uma vez enfrentei aquele vômito no chão. Em poucos minutos cheguei à Rodoviária Interestadual e me encontrei com Heitor e Sara, sua simpática namorada, que nos ajudou em todos os minutos das gravações e suportou com paciência nossas passagens de sons e discussões filosóficas e judiciais sobre nossas músicas.

            Passamos a tarde toda andando, gravando e tocando. O resultado poderá ser visto em alguns clipes que lançaremos em breve. O dia rendeu, mas teria rendido mais se uma chuva tranquila não impedisse mais gravações. Que falta faz um dia de sol maranhense...


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