ThiagoDamasceno: novembro 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Última Leitura: A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson

A Ilha do Tesouro

Por Thiago Damasceno


Os amantes da literatura de aventura não podem ir para a misteriosa aventura final – a morte - sem ler esse clássico do escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), ambientado nos mares e ares do século XVIII.
           

            Publicado pela primeira vez em 1883, A Ilha do Tesouro conta a estória de um tesouro escondido em uma ilha misteriosa. Premissa bastante padrão, talvez até para sua época, mas Stevenson vai além, explorando as psicologia e os diversos tipos de relações entre os personagens.

            Tudo começa quando um velho marinheiro se aloja na estalagem Almirante Benbow, de propriedade da modesta família Hawkins. Esse marinheiro, com uma cicatriz no rosto e demais características sombrias, pede que o chamem de “Capitão” e, apesar de reservado e taciturno, conta histórias incríveis quando bebe, conquistando certa simpatia dos demais e se aproximando do pequeno Jim Hawkins, que ajuda seus pais nos negócios da estalagem.
           
            A relação entre o Capitão e Jim é permeada por medo e submissão por parte do garoto, mas no seu leito de morte, o velho marinheiro lhe revela um grande segredo: o mapa de um tesouro.

            Pouco depois da morte do Capitão, a estalagem é atacada por um bando de piratas. Jim foge da estalagem, contando toda a história e mostrando o mapa para o único médico e juiz da localidade, o doutor Livesey, e para seu amigo, o elegante e tagarela Lorde Trewlaney. Os três têm então a ideia de procurar o tesouro.

            Trewlaney compra um navio em Bristol, chamado Hispaniola, e reune um grupo de marujos experientes, dentre os quais, o estimado Long John Silver, um marujo sem uma das pernas e com um papagaio no ombro.

            Reunida tripulação e organizado o navio, o bando parte rumo à misteriosa Ilha do Tesouro. E os problemas começam...

            Como Lord Trewlaney fala demais, assim, alguns marinheiros descobrem o real motivo da missão. Isso não seria problema se todos os marinheiros tivessem um bom caráter... Parte deles são antigos companheiros do lendário e terrível pirata capitão Flint. Começa então, em pleno alto-mar, uma rede de intrigas, conspirações e traições que movimentam o romance até a última página.


      Os personagens citados, incluindo o Capitão Smollet, são bem desenvolvidos psicologicamente, lutando para viver perante as intempéries naturais e humanas, inclusive Jim hawkins, que apesar de pequeno, não deixa a desejar em atitude.

            A riqueza dos personagens é tamanha que os fãs de Lost certamente perceberão aquele que ajudou a inspirar o personagem Benjamin Linus, conhecido por ser um verdadeiro demônio da palavra, criando jogos mentais entre os “mocinhos” da série e os Outros.  

            Pelo que escrevi até agora, fica claro que segredos na ilha, tiros e sangue, conspirações e conflitos de grupos fazem parte da trama bem tecida por Stevenson. Seu estilo é bastante descritivo, carregado de adjetivos e advérbios. Porém, não atrapalha o andamento das ações, que são muitas, inclusive, e espetaculares. A riqueza de detalhes de navios e do modo de vida no mar descritos em todo o romance mostram o homem do amor que era Robert Louis.


Stevenson nasceu em 13 de novembro de 1850 na capital escocesa Edimburgo no seio de uma família abastada e regida pela moral calvinista. O pai e um tio de Stevenson tinham formação em engenharia náutica e hidráulica, a mesma formação que o futuro literato concluiria, seguida por Direito. Porém, o gosto do jovem pelas viagens e pela literatura era maior. Veio de berço. Seu pai e sua mãe, Margarida Balfoor, adoravam viajar. Balfour contraiu tuberculose e, posteriormente, Stevenson também. A procura por climas mais amenos apenas intensificou o gosto pelas viagens.

Robert Louis começou a publicar em 1866 em ensaios para revistas, mas sua obra é vasta, passando por contos, romances e ensaios de aventuras, amor, terror e comédia. Em Marselha, na França, nasceu A Ilha do Tesouro, dois anos após um retorno conturbado à Suíça à procura de um clima mais agradável.

Antes disso, conheceu a norteamericana Fanny Osbourne durante férias na França. Tal paixão virou uma verdadeira loucura. Em 1879, chegou a Stevenson notícias de que ela não estava bem de saúde, na Califórnia. O escritor, mesmo doente e desobedecendo aos conselhos médicos, fez uma penosa viagem para a América. Foi em um cargueiro de emigrantes mal equipado e com instalações sanitárias precárias. Quase morreu na viagem.

Mesmo com muitas publicações, a glória literária e a retribuição financeira só chegaram a Stevenson após a publicação de O Estranho Caso do Doutor Jekyll e o Monstro, em 000, bastante adaptada para o cinema e outras mídias nos séculos seguintes.

Stevenson deixou seu lugar ao lado de grandes nomes da literatura inglesa como Sir Walter Scott. Morreu em 03 de novembro 1894, após uma hemorragia causada pelo rompimento de um vaso sanguíneo, na ilha de Upolu, no arquepélago de Samoa, no Pacífico americano, onde morava desde 1889. Foi apelidado pelos indígenas do local de Tusitala (contador de histórias). Apelido bastante válido.

Referência

STEVENSON, Robert Louis. A Ilha do Tesouro. São Paulo: Editora Martin Claret Ltda., 2002.

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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Crônica: Lavar Calçada: Péssimo Hábito!

Lavar Calçada: Péssimo Hábito!

Por Thiago Damasceno


Passada a folia (ou não) com as eleições, falemos sobre um assunto de (também) dar um pesar existencial.  


Até o presente momento nunca saí das fronteiras desta nação verdeamarela, mas não é preciso tal experiência pra saber que lavar calçada é um péssimo hábito! E que irrita os adeptos do uso consciente dos bens naturais!

            Ainda é comum ver tanto nos interiores quanto nas capitais: um sujeito ou uma sujeita pega uma mangueira e maneja-a como um samurai, espalhando água pela calçada e puxando-a com uma vassoura e um rodo e repetindo inúmeras vezes tais movimentos até que a calçada se torne portadora do conceito subjetivo de limpeza.

            A pessoa fica lá, tranquila e calma, como se estivesse com toda a razão do Universo ao lavar algo que imediatamente após a lavagem irá novamente se sujar com a passagem de bicicletas, pessoas e cachorros. A não ser que tenha acontecido um assassinato na sua calçada, espalhando sangue, ou alguém tenha vomitado até a alma na porta da sua casa, ou defecado uma obra megalomanicamente fedida, não lave sua calçada!

            Passe uma vassoura, o que for, mas não, não lave sua calçada!

            Todos sabem que a água é um recurso natural que um dia vai acabar. E além do mais, usar ÁGUA POTÁVEL pra lavar calçadas é o ápice do humor negro, o clímax do abominável!

            Você que está aí pensando que eu sou doido ou mais um “desse ambientalistas enjoados”, lembre-se desta crônica quando estiver agonizando de sede em um mundo sem água potável com zumbis esfomeados batendo à sua porta à procura de carne!


Infelizmente, enquanto uns ainda têm água pra lavar calçada, tem outros sofrendo com a falta de água em casa devido a vários fatores, desde mau planejamento político à falta de chuva. Não custa uma gota de suor lembrar sempre a ideia de usar a água de maneira inteligente e econômica.

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