ThiagoDamasceno: junho 2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Política: Pelo Direito de Protestar!


Pelo Direito de Protestar!
Por Rodrigo Specterow
Nas últimas semanas, Goiás, Brasil e o mundo têm visto diversas manifestações civis, anárquicas (ausência de líderes) e apartidárias criticando inicialmente o aumento abusivo no preço das passagens do transporte público. Tais manifestações tomaram força e se expandiram e conquistaram mais apoios diante da truculenta repressão da polícia e se somaram a outras causas, como em Goiás, na greve da sucateada UEG (Universidade Estadual de Goiás). No restante do país, se clama por saúde e educação de qualidade; na Turquia, os manifestantes estão por todas as partes e se recusam a deixar uma praça que o governo teima em reformar; e em todos os casos a mais veemente das afirmações: temos o direito de PROTESTAR!

Passeata pela UEG (16/05/13)

Vivemos em uma democracia onde a liberdade de expressão é garantida na Constituição, entretanto, os governantes e até a Justiça parecem ignorar isso. Em Minas gerais, a Justiça decidiu que não se pode protestar; em São Paulo e no Rio de Janeiro, a polícia desceu o porrete até em jornalista; em Anápolis-GO, dois estudantes da UEG foram presos por protestar na presença do governador (sexta-feira, 14 de junho); na Turquia, quatro manifestantes morreram em protestos contra o governo e nos EUA, que se acham o berço dos valores democráticos, Edward Snowden, um americano que decidiu não se calar e expor para todos que o governo americano espiona até seus próprios cidadãos, pode ser condenado à prisão perpétua.

O mundo mudo, o país mudo, a sociedade não pode e não aceita que o Estado lhe imponha o que fazer. Nas democracias todo poder emana do povo e em seu nome tem que ser exercido. Caso contrário, se perde toda e qualquer legitimidade que possa algum dia ter tido. Os jovens anseiam em participar das decisões políticas que podem mudar os rumos da nação – e nada mais justo que isto seja feito pelos protestos!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Crônica Social: Pelas Ruas Que Andei II

Pelas Ruas Que Andei
Crônicas Sociais

II

                Antes de iniciar esta crônica, algumas considerações...
           
            Publico-a mais de um mês depois dos seus acontecimentos narrados por motivos simples. O primeiro é que as informações principais da crônica estão relacionadas à passeata pela UEG feita no dia 16 de maio. No mesmo dia também houve uma manifestação contra o aumento da passagem do transporte coletivo. Ao escrever o texto, tentei destacar igualmente os dois protestos e acabei me embananando com o tamanho que a crônica adquiriu mais a necessidade de ter informações seguras e atualizadas. O segundo motivo foi a motivação que me veio com os protestos simultâneos no país, ocorridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte em 17 de junho. Vendo tais movimentos, editei a crônica.

            De fato, o pontapé inicial desses protestos foram os aumentos das passagens dos ônibus urbanos em todo o país. Com a festividade da Copa das Confederações e outros futuros eventos esportivos que sediaremos mais nossos clássicos problemas em setores públicos, as manifestações cresceram e têm várias reivindicações, mas apesar dessa heterogeneidade, mostram uma coisa, por mais óbvia que seja: O brasileiro é insatisfeito com seus (ou quem deveria ser seus) representantes políticos.

            A crônica seguinte é sobre parte dessa insatisfação. Admito que após essa passeata, minha participação no movimento da greve tem sido praticamente nula. Logo, para mais informações (e muitas mesmo) recomendo o acesso ao blog http://movimentomobilizaueg.blogspot.com.br, pois muitas coisas aconteceram desde essa passeata, incluindo bloqueio de rodovias a prisão de estudantes.


Passeata Pela UEG (16/05/13)

Por Thiago Damasceno,
nordestinamente de Goiânia, um pouco depois do calor dos acontecimentos

            “Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar”. Eu e uma galera acordamos assim hoje, como canta Cazuza em Bilhetinho Azul. Contudo, vencemos a clássica preguiça matinal e demos as caras nas ruas pra participar de mais um ato pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) durante sua greve. O ato foi, nada mais nada menos, caminhar em protesto do Terminal Padre Pelágio até a Praça Cívica, centro administrativo da capital e do estado. Pra quem não conhece, uns 10 km de sebo nas canelas. Pra quem conhece um “Sol arregalado”, como diz minha mãe, 10 km caminhados sob um Sol arregalado.


Foto: Gilberto Aquino


          Umas oito e meia da manhã desci do meu prédio e fui pegar o Eixão até a o Terminal Padre Pelágio. Na Avenida Anhanguera, por onde transita o Eixão, quase encontrei mais uma manifestação contra o aumento da passagem do transporte coletivo, tema de uma crônica anterior. Essa passeata há alguns metros de onde eu estava, também feita majoritariamente por estudantes, perturbou o trânsito, mas os Eixos encontraram outros caminhos e após alguns minutos de espera, embarquei rumo ao Terminal Padre Pelágio.

Cheguei ao Terminal e após um alongamento dirigido pelos acadêmicos de Educação Física, partimos pra nossa ensolarada caminhada. Estavam presentes estudantes, professores e técnicos administrativos de várias unidades da UEG e várias cidades: Goiânia, Anápolis, Porangatu, Cidade de Goiás, etc. Há 22 dias de greve, reivindicamos, basicamente, investimentos do estado na Educação Superior, especificadamente 5% do PIB de Goiás pra área.


Por meio do carro de som, gritos e panfletos, lembramos à população da região noroeste de Goiânia (setor onde está o Termina Padre Pelágio) que o governador Marconi Perillo prometeu a criação de uma unidade da UEG na região. Mas desde que foi criada, em 1999, a UEG e suas unidades vêm crescendo em quantidade, mas não recebem recursos suficientes, o que prejudica suas qualidades. Na unidade em que estudo, em Anápolis, o prédio está em risco de desabamento. Na outra unidade de Anápolis, falta mais água tratada do que em um campo de refugiados palestinos. Sem contar na geral falta de professores em alguns cursos, de materiais de limpeza, etc. Logo, a criação de mais unidades enquanto outras se prejudicam, é uma criação irresponsável.



Parte da população vê os manifestantes como marginais e desocupados. Isso deve vir do medo e vergonha do brasileiro de ir à rua exercer um direito seu, que é o de protestar. O brasileiro, em seu tolo orgulho, espera alguém fazer algo por ele ou simplesmente espera por Deus. Outra parte da população nos apóia e no caso dessa caminhada, até aplaudiu. A situação chegou a um ponto em que as ações do governo e de suas empresas parceiras afetam a todos os estudantes e trabalhadores da classe média pra baixo, como no caso do aumento da passagem do transporte coletivo.

Durante a caminhada, distribuí panfletos e foi engraçado ver as reações de algumas pessoas ao receber os papéis informativos. A maioria os recebe de bom grado, se os lê, não sei. Uma minoria não recebe. Uma senhora cruzou os braços pra mim e se afastou com cara de nojo. Outro disse: “Não, quero mexer com isso não!”. Quem vê assim, até pensa que o chamei pra liderar a greve...

No momento da passeata ouvimos que houve conflito entre a polícia e os manifestantes contra o aumento da tarifa dos ônibus no Terminal Praça A, que estava no caminho de nossa passeata. Os manifestantes na Praça A tocaram fogo em pneus e bloquearam o acesso ao terminal, logo, a polícia militar e mais tarde, o Batalhão de Choque e as chamadas “bombas de efeito moral”, apareceram, aumentando a violência da área. Segundo o comandante da operação, a polícia tentava manter a segurança do patrimônio público. Contudo, a polícia cuspiu violência pra quem estava no local, estando relacionado ou não com a manifestação, seja humanos vindo da Cidade de Gondor ou hobbits vindo do Condado. Um garoto que esperava um ônibus levou cacetadas e uma garota teve seu celular quebrado. O caso levou até a procedimentos administrativos na PM, mas fiquei sabendo isso apenas à noite pelo telejornal.

Assistindo ao jornal me assustei ao ver um policial socando um amigo da Filosofia no rosto simplesmente quando o estudante foi falar com ele. Não é preciso informar seu nome, mas acho que naquele momento, todo estudante ou jovem se sentiu representado e se sensibilizou ao ver o manifestante sendo esbofeteado. O estudante me informou que apenas pediu a bandeira ao policial e foi agredido. Vejam abaixo a foto e o vídeo dessa manifestação.



A reação da polícia foi ambígua. Na nossa passeata, a polícia militar e os guardas de trânsito contribuíram para a passividade e para o andamento do protesto, chegando até a reprimir motoristas malandros que tentaram furar o nosso bloqueio nas ruas. Procuravam manter a ordem, mas a busca insana por essa ordem foi lamentável no outro protesto.

Sabendo da situação na Praça A, contornamos o local do conflito. Minutos depois, alguns remanescentes da outra manifestação se juntaram a nós. Alguns punks, anarquistas pós-modernos ou algo do tipo estavam com o rosto vendado e segurando cabos de vassoura. Vi de perto um policial reprimir verbalmente quatro sujeitos com os cabos. Na hora, pensei: “Vixi, Maria, é agora, Diabo!”, mas foi mais minha tensão exageradamente insana (ou não).


Fiquei na manifestação até o início da ocupação na Praça Cívica, em frente ao palácio Pedro Ludovico Teixeira, como visto na foto acima. Na ocasião, pedia-se a presença do governador perante a Comissão de Greve. Uma possibilidade até longínqua, pois é melhor dar as caras em propagandas eleitorais.

P. S: No fim do dia, encontrei esse post na página do Facebook UEG DENÚNCIA:

UEG marca presença na Assembleia Legislativa de Goiânia, onde pede posicionamento quanto ao movimento estudantil. Deputados votam e é aprovado que o Marconi deva receber a comissão de negociação da UEG!! Nossa LUTA está cada vez mais forte!!
Vem pra LUTA você também!!!


Mais informações: