ThiagoDamasceno: abril 2011

sábado, 23 de abril de 2011

Crônica (Escrita No Dia (16/04//11)

Incríveis Anônimos

                                   “O mundo está cheio de pessoas incríveis com histórias incríveis para contar, e essas pessoas não estão na TV, nas novelas ou nos grandes jornais, estão nos pontos de ônibus, nos ônibus, nas calçadas, ruas, praças, lanchonetes, bares, escolas, cinemas, teatros, enfim, as pessoas incríveis estão escondidas no anonimato do dia a dia.”

Por Thiago Damasceno

        Na quinta-feira (dia 14/04/11) encontrei um velho amigo de Carolina e ficamos zanzando pela cidade atrás de umas coisas. À noite, eu, ele e sua irmã fomos para o McDonald´s tirar os estômagos da miséria de bolo alimentar. Refletimos que em Carolina, assim como em qualquer cidade pequena, poderíamos ficar sentados nas mesas dos barzinhos por muito tempo sem se preocupar em voltar para casa. Naquele dia estávamos preocupados com o horário do último ônibus e com a violência, como sempre. Se tivéssemos carro ainda estaríamos preocupados com a violência, mas sempre haveria e haverá mais preocupações nas cidades grandes do que nas pequenas. Nas cidades grandes se vive mais em relação a um sistema, traímos mais as nossas horas e a nós mesmos com as coisas que nós mesmo criamos e quando damos fé, estamos vivendo feito robôs, preocupados com a possível falha de uma engrenagem qualquer.
        Voltei para casa de ônibus e peguei-o do lado errado. Não é novidade. Sempre acontece com o garoto do interior que vai pegar ônibus. Perguntei para um homem de meia idade que estava sentado atrás de mim sobre como poderia voltar para o Centro. Ele respondeu e eu ri de mim mesmo. Fiquei pensando e minutos depois perguntei para ele se eu poderia parar e voltar na avenida pelo qual o ônibus passava no momento. Ele disse que eu economizaria mais descendo adiante, em um terminal chamado Cruzeiro, e concluiu irritado: “quer gastar dinheiro à toa rapaz?” Fiquei calado. Na verdade eu queria dar 1 milhão de reais para chegar mais rápido em casa e matar minha sede, embora eu não estivesse com “a sede, a sede de beber a vida em infinitas viagens”, como escreveu o poeta goiano Afonso Félix de Souza.
        Chegando ao Terminal do Cruzeiro, um terminal respeitável e decente para a população, com banheiro e aquela coisa boa chamada limpeza, uma senhora que estava no mesmo ônibus que eu e viu a dúvida passando furtivamente pelos meus olhos me guiou até o ponto onde eu poderia pegar um ônibus para minha Terra Prometida. Ela aparentava ter entre 55 e 60 anos. Eu retribui sua gentileza carregando sua sacola de compras. Quando entrei no ônibus ela acenou para mim e disse um “vá com Deus”. Amém.
        Segundos depois de eu ter sentado, uma mulher entre os 40 e 50 anos sentou ao meu lado e foi contando que estava cansada. Perguntei se ela estava trabalhando e a conversa rolou. Ela estudava num programa chamado EJA (Educação de Jovens & Adultos), pois abandonou os estudos quando engravidou aos 17 anos. Ela falou que estava arrependida de ter largado os estudos e cansada da vida de dona de casa, então voltou a pôr a cara nos livros. E ela falou isso para uma amiga sua, dizendo: “Cê tá satisfeita em ser dona de casa, em fazer comida pro seu marido o tempo todo?”. Fantástico! O mundo está cheio de pessoas incríveis com histórias incríveis para contar, e essas pessoas não estão na TV, nas novelas ou nos grandes jornais, estão nos pontos de ônibus, nos ônibus, nas calçadas, ruas, praças, lanchonetes, bares, escolas, cinemas, teatros, enfim, as pessoas incríveis estão escondidas no anonimato do dia a dia. Ela desceu antes de mim e a conversa se encerrou. Foi um bom papo. Gosto de ouvir histórias, mas chega a ser bizarro e engraçado o fato de uma pessoa contar parte de sua vida para um desconhecido simplesmente porque precisa de alguém para desabafar.
        Cheguei em casa ainda vivo. O retorno nem foi tão perigoso assim, mas o perigo persegue a todos a toda hora. Fiquei pensando no homem que se irritou com minhas perguntas, na senhora solidária e na mulher que voltou a estudar. Fiquei pensando naqueles incríveis anônimos, nos vários personagens que o cotidiano nos apresenta meio que por acaso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tô Esperando Inventarem... Parte 01

        Inventei esta seção numa noite em que fui contrariado por um tubo de cola Super Bonder. Calma... no decorrer do texto exporei tal fato, mas basicamente a Tô Esperando Inventarem... comenta e comentará sobre invenções que já deviam estar inseridas nos nossos objetos de uso cotidiano deste semi-futurístico século XXI, invenções inseridas ou invenções originais. Por enquanto fico com as invenções inseridas, ou seja, idéias que deveriam ser acrescentadas nos nossos objetos para facilitar mais nossas vidas. Vamos ao que interessa...
                                                                                            
Obs: Nem todos os tópicos devem ser levados a sério ou ao pé da letra, eu disse: nem todos.

Por Thiago Damasceno

Tô Esperando Inventarem...

01 – Cola Super Bonder cujo tubo seja fácil de abrir e fechar – Coisinha chata é você comprar um tubo de Super Bonder e enquanto o usa, colar seus dedos. Mais chato ainda é quando você vai usá-lo pela segunda vez e a maldita tampa já está colada. Ela se colou devido à cola que vazou enquanto o tubo estava guardado (por mais absurdo que pareça) ou se colou sozinha, de forma inexplicável. Esse fenômeno não nos permite usar o tubo de Super Bonder por mais de 3 ou 5 vezes. Nos piores casos nos permite usá-los apenas uma vez, sendo preciso furar o tubo para derramar a cola, o que no caso, inutiliza o tubo e você deve jogá-lo fora porque a cola vai endurecer com o passar do tempo ou porque você simplesmente já está puto da vida com o tubo. Algumas pessoas, por inexperiência, furam o tubo e descobrem o endurecimento da cola quando já é tarde demais, quando tentam usá-lo de novo. No fim de tudo, concordemos que os tubos de Super Bonder ainda são um terror, por mais que as embalagens digam: “Fácil e prático de usar!”

02 – Vasos sanitários com descargas silenciosas – Lembra quando você recebeu visitas em casa para um almoço ou um jantar e durante a sociabilidade, a natureza lhe chamou ao banheiro? Pois é, após fazer o que só você pode fazer por si mesmo, você dá aquela descarga horripilante, cujo barulho vai até a alma. Todo mundo ouve, é fato! Aí você chega na sala ou na cozinha com aquela cara de “Sou inocente” pros outros. Os mais cara de pau encaram todos com uma cara de “Caguei mesmo e daí? É diferente com vocês?” Por fim, se a descarga fosse silenciosa muitos vexames seriam evitados. Já inventaram armas de fogo com cano silencioso, motores sei lá das quantas silenciosos e nada das descargas sem barulho ou com um mínimo de barulho. Aguardemos essa invenção.

03 – Carteirinha de estudante para supermercados, locadoras, lan houses, prostíbulos, motéis, hotéis, passagens de ônibus, avião, restaurantes, bares, etc – Já pensou se as carteirinhas de estudante com descontos especiais ou preços pela metade se expandissem para outras instituições capitalistas? Acho que as escolas iriam ter de aumentar o número de vagas e quem sabe, o analfabetismo poderia até ser erradicado.