ThiagoDamasceno: Crônica

quarta-feira, 23 de março de 2011

Crônica

Provérbios Virtuais
 Por Átila Douglas

Há um tempo não tínhamos computadores, celulares e outras coisas que nos ligam às pessoas que estão distantes. “Fico imaginando como as pessoas se relacionavam quando não havia Orkut, Twitter, Face Book, dentre outros sites de relacionamento”. Essas palavras são de um colega meu que não larga seu computador por nada. Não é de se espantar essa suspeita, pois pra ele, há “934 amigos” que ele pode contar, que estarão lá pra ajudá-lo e que sempre o amarão.
Uma pena ouvir isso, e ter certeza de que ele se liga mesmo no seu mundinho virtual, sem perceber a beleza que o cerca, as coisas simples da vida, os amores naturais, as tardes com a vovó, um bom livro de Machado de Assis pra passar o tempo...
Às vezes eu tento tirá-lo da frente do computador, mostrar a opulência de um pôr-do-sol, mas ele é de uma penúria incrível, e me chama de tolo (pra não dizer as verdadeiras palavras) só porque eu prefiro à realidade a virtualidade.
Não nego que tenho os meus sites virtuais (Orkut e MSN), mas não fico tão obcecado, obstinado, como ele com os seus. Disse-me uma vez que se perdesse as senhas dos sites, teria um ataque a ponto de ir parar no hospital. Aquilo pra mim foi a gota d’água. Vi ali um motivo sério pra um tratamento ou pra uma crônica. A segunda opção é mais cabível pra mim.
 Revendo meus conceitos de internauta percebi que eu sou um cara normal, como as outras pessoas, que utilizam a internet mais pra se informar, pesquisar, obter conhecimentos, do que pra conhecer pessoas, marcar encontros, correndo o risco de ir ver a “Patty Lindinha” que tem 1,80m de altura com barbas e peitorais cabeludos.
É um mundo fantástico e ao mesmo tempo assustador. Esses dois adjetivos podem ser usados na mesma frase quando se trata da Internet. Porém, mais uma abnegação minha, quanto à parte de conhecer pessoas. Alguns de meus “passeios” eu consegui graças a Internet e confesso que me surpreendi com a sinceridade de alguns amigos que tenho, que eram só virtuais.
Não acredito no que dá título a esse texto tão tico. Vendo que no mundo virtual você pode ser um cara milionário, ter mais de um milhão de amigos, e não estou falando da música de Milton Nascimento, e outras qualidades mais, qualquer pessoa pode ser qualquer coisa. Como eu já disse e não canso de repetir, é um mundo fantástico e assustador, onde se pode tudo, e não se pode nada.
Certo dia, esse mesmo amigo me contou um causo interessante, sobre um casal amigo seu. Disse-me que se conheceram pelo tal site de relacionamento, marcaram de se encontrar, e desde então, estão juntos até hoje, três anos depois. No princípio duvidei, mas depois a confirmação estava dada, e meu pensamento ficou mais confuso em torno da Internet.
Enfim, ofereço aqui alguns provérbios criados pelos fanáticos por informática:

“Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse”

“Se correr o hacker pega, se ficar o hacker come”

“Quem vê Nick não vê cara e muito menos coração”

 “Aquele que não clica, se trumbica”

“Quem semeia mail, colhe spam”

“Quem é vivo sempre fica on-line e deixa scrap”

“Quem faz backup, amigo é”

“Vamos no pique que atrás vem clique”

“Amigos amigos, senhas à parte”.



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