ThiagoDamasceno: Crônica (Escrita no dia 10/08/09)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Crônica (Escrita no dia 10/08/09)

Eventos Piadísticos Do Capitalismo

Por Thiago Damasceno

    Além de exploração, altos lucros, desigual distribuição de renda, propagandas e modos de ser, o capitalismo também exerce influência no que eu chamo de Eventos Piadísticos. Acontecimentos cotidianos que mais parecem piada do que coisas que deveriam ser levadas a sério (não que as piadas não devam ser levadas a sério). Escreverei sobre três desses eventos que percebi até o momento atual da minha existência.

    Na tarde do dia 09, fui comprar um tênis para mim. Preferi o modelo Rainha da segunda loja pesquisada, tanto pelo tênis, quanto pelo preço. Eu pedi à vendedora um tênis para corrida e esse encaixou-se perfeitamente nos meus interesses. Um tênis básico para se correr em alguns dias da semana, para eu não ficar sedentário. A vendedora que me atendeu tinha sumido e eu experimentei o dito cujo. Saí andando pela loja com ele. Andei, andei e andei e um vendedor me disse que não era permitido andar com o tênis. Deve ser porque algumas passadas na cerâmica deterioram a sola. Ele disse que eu deveria ficar apenas em cima do tapete. A loja devia ter 300 metros quadrados de área e o tapete tinha 1 metro de perímetro povoado pelos pés dos possíveis futuros compradores, que também experimentavam seus possíveis futuros tênis. Ou seja, nos tapetes das lojas de tênis nunca há espaço para deslocamento. Quer dizer que, para experimentar um tênis para corrida, eu preciso ficar parado com ele? Um tênis para corrida é mais uso que estética. Roupas é que são mais estética que uso. Roupa sim, se experimenta parado. Tênis, não.

    O segundo evento dá mais indigestão do que riso. Sabe os restaurantes self-service por quilo? Pois é, colocamos comida no prato, pesamos e recebemos uma comanda com o valor do alimento. O engraçado está na observação em letras minúsculas no final do cupom. Aquela que se lê com uma lupa ou com um microscópio. O aviso é basicamente esse: Em caso de perda deste, o usuário deverá pagar o valor de... Esse valor é x. Depende do restaurante. Acontece que sempre é muito alto para uma refeição, ou duas, ou até mais. E por pessoa. A maioria dos restaurantes cobram 50 ou 80 reais. Agora sem brincadeira, já vi uns restaurantes que cobram 200! Tudo para compensar o valor que deveria estar na sua comanda perdida. E comanda individual! Mas veja bem, será que um ser humano em perfeito estado de saúde é capaz de comer 50 reais de comida no quilo? Eu, que sou conhecido como “barriga sem fundo” não como nem metade. Talvez um pouco mais... E 80? Alguém poderia comer 200?

    O último evento e não menos comum apontado por mim acontece no famoso SAC. Quando queremos cadastrar nossos celulares em promoções ou corrigir certos equívocos, ligamos para o Serviço de Atendimento ao Consumidor das operadoras e esperamos, esperamos... Mas, para não dizer que a espera é em vão, eles sempre colocam umas “musiquinhas”. Aquelas coisinhas horríveis. Será que aquilo é passatempo para alguém? Algumas são músicas do Beethoven ou do Mozart transformadas em bips digitalizados, outras são harmonias desconhecidas, no fim, são apenas guinchos eletrônicos, pior que o barulho dos já ultrapassados mini-games. Será que alguém gosta de escutar aquilo? Aqueles sons ridículos se propagam no ar enquanto o consumidor fica com cara de sono ou raiva, nos piores casos.

    Por enquanto, achei esses três Eventos Piadísticos do Capitalismo, quem encontrar mais, por favor, me avise, assim, quem sabe, poderemos produzir um texto mais gostoso, e se você perder a comanda, eu não vou cobrar 1 milhão de reais.

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