ThiagoDamasceno: Poemas: “Sonho” e “Babel”

domingo, 20 de janeiro de 2013

Poemas: “Sonho” e “Babel”


Poemas

Os primeiros versos que escrevi neste ano.

Thiago Damasceno

Sonhos

Nenhum sonho é sonhado duas vezes numa única noite
E assim, deixei antigos sonhos fugirem pela porta dos fundos.

Quando era criança, sonhava em ser presidente
Hoje penso que o cargo de vereador me cai bem.
.
Queria pisar na Lua com pés de astronauta,
mas a Lua é muito mais bonita vista da Terra.

Também já fui astro de rock,
mas morri antes do auge da carreira: morri antes de morrer.

Como se fossem eu, meus sonhos envelheceram e mudaram
Como sou eu, segui rotas que já estavam noutros mapas
mas nem por isso não me cansei.                   

“Mas vai deixar a luta assim?! Levanta-te guerreiro!”
Meu Deus! Não posso vencer uma guerra que é maior que eu!
Não sou obrigado a lutar numa guerra que não pedi!
O mundo é muito maior que os sonhos de qualquer um!

Basta acordar e ver.


Babel

Meu coração bate junto ao pigarro dos motores
Nas rodovias de feriado meu sangue cheira à gasolina
Moro num castelo de concreto que desafia o cinza do Céu
Muito se fala e pouco se entende nessa Babel.

Minha cabeça lateja no compasso dos jingles
Meus olhos lacrimejam ao bater nos outdoors
Se você está velho demais pra usar roupa jovem
é porque você envelheceu, meu “jovem”!

Invento a vida entre filas de ônibus e torpedos sms
Reinvento a morte em alguma atrasada tragédia iminente
O perigo nos ronda,
mas o futuro sempre chega com menos novidades que o prometido
Muito se fala e pouco se entende de qualquer ocorrido.

Queria ter uma área verde onde pudesse apagar meu cigarro
Não queria que minha boca fosse alvo de escarro
Não queria que minhas rimas ficassem tão evidentes,
bom mesmo seria se elas rasgassem o papel

Muito se fala e pouco se entende nessa Babel.  

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