ThiagoDamasceno: CRÔNICA: Propagandas Eleitorais São Um Festival de Breguice

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

CRÔNICA: Propagandas Eleitorais São Um Festival de Breguice

Minhas irmãs e meus irmãos de “terras brasilis”, é chegado o momento que não aguento mais: propagandas eleitorais!  Perdão pela rima boba e brega. E por falar em breguice... Tem coisa mais brega do que período eleitoral no Brasil?  

            De 2 em 2 anos somos assolados com o festival de breguices que são essas campanhas: sorrisos programados, jingles horríveis com dancinhas bobas (em certos casos), slogans previsíveis e discursos ensaiados baseados em conceitos genéricos como “mudança”, “renovação”, “esperança” e mais um monte de termos vazios de sentido do tanto que já foram mal utilizados. Quando vamos levar a política profundamente a sério?

            Claro que existem exceções, mas a regra do jogo é um conjunto de ausências: ausências de projetos políticos relevantes, planos de governo detalhados e bom gosto na estética e na linguagem. A cereja desse bolo estapafúrdio é a total falta de senso de ridículo em muitos clipes, vinhetas e propagandas como um todo.

Também faz parte da receita geral defender termos genéricos como “educação”, “segurança”, etc., mas ninguém tem um planejamento específico e peito para defender questões pontuais explicando tudo em detalhes. Por exemplo, que educação é defendida? Uma educação pública não baseada apenas em mercado que visa formar cidadão críticos e fiscalizadores e cobradores dos políticos - como funcionários públicos que são - ou uma educação de cunho apenas técnico e trabalhista que tem como objetivo formar cidadãos alienados abobados na política? Cidadãos esses devidamente temperados e cozinhados como prato principal do grande banquete do capital (outra rima boba e brega).

            Portanto, sejamos vigilantes quanto aos discursos genéricos e carentes de detalhes que não resistem aos primeiros minutos de uma sabatina.

Também tenho a impressão de que o número de candidatos vem aumentando a cada ano. Se essa questão quantitativa é mesmo um fato e se é boa ou ruim por si só, não sei, mas me pergunto até quando uma pessoa isolada cheia de boas intenções pode de fato mudar a política, ainda mais se colocando à frente de propagandas eleitorais tradicionais que mais obedecem à uma lógica de circo e de partida de futebol do que à representação coerente e condizente à seriedade de um cargo político.

Percebo que a estrutura política assimila a todos e a todas. Durante a campanha, os candidatos têm determinados princípios. Ao serem eleitos, esses princípios costumam mudar segundo as regras do grande jogo de poder e de dinheiro que é a política brasileira. Sem contar os muitos casos de ameaça físicas e assassinatos a quem não se vende a essas normas podres. Lembremos o caso de Marielle Franco...

Sendo assim, quem poderia escapar da assimilação desse leviatã que é a estrutura política brasileira?

Fato é que estou cansado de candidatos e partidos que se dizem novos e renovadores. De novidades e profetas da renovação o Inferno está cheio!

Quero uma política com projetos que incluam de fato o povo brasileiro em suas diversas manifestações e posições sociais, uma política que leve a sério os princípios constitucionais, o respeito pelos Direitos Humanos e pelos serviços e bens públicos. Quero um país que se leve a sério! E isso deve começar pela política!

Imagine o que Aristóteles diria se vivesse no Brasil contemporâneo. Ele diria que somos seres naturalmente políticos ou apolíticos?

            Em suma, quero que esta crônica um dia se torne obsoleta e, principalmente, brega!

           

 

Thiago Damasceno, 29 de setembro de 2020

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