ThiagoDamasceno: CRÔNICA: Coração Cervejeiro Enlutado

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

CRÔNICA: Coração Cervejeiro Enlutado

Meu coração cervejeiro está de luto...

Abri as redes sociais e dei de cara com um post do Belgian Dash declarando o fim de suas atividades. Era meu pub preferido, point de encontro de amizades e um verdadeiro santuário de paz e reflexões existenciais em meio à balbúrdia urbana.

            O Belgian Dash foi aberto aqui em Goiânia em 2006. Segundo Edson Carvalho Jr do site “Viajante Cervejeiro”, o Belgian foi o pub pioneiro na cidade na cultura de cervejas especiais e artesanais, contendo quatro chopeiras e uma média de 160 rótulos em sua adega.

            Claro que hoje há outros pubs por aqui, mas nenhum com um acervo tão rico e uma ambiente tão aconchegante e com músicas tão boas como o Belgian tinha... Nada como beber uma saborosa cervejinha gelada ouvindo um rockão antigo e um blues daqueles de reverberar no fundo da alma!

Comecei a frequentar o Belgian em 2014. A relação se desenvolveu a tal ponto que eu nem precisava mais fazer pedido. O garçom me via e perguntava:

- O de sempre?

Após minha afirmação ele trazia uma Eisenbahn de trigo e, minutos depois, uma porção de batatas fritas com bacon e queijo cheddar.

Foi no Belgian Dash que refinei meu gosto etílico, conhecendo e aprendendo a saborear boas cervejas, tentando entender como cada uma era fabricada, suas histórias, suas nuanças de sabores, etc.

O Belgian foi também um local que flagrou diferentes momentos da minha vida e onde experimentei muitos sentimentos, desde dores-de-cotovelo a comemorações de conquistas pessoais passando por insights relacionados a tudo que fermentava em minha mente e no meu corpo.

            Goiânia agora perde muito do seu estilo. Vai ficar mais difícil superar este calor esturricante e estes dias trevosos pelos quais passamos. Enlutado, naturalmente associo esse fim à minha frase preferida de Jack Kerouac, expressa no seu belo e melancólico romance “Tristessa”: "[...] a beleza das coisas deve estar no fato de terminarem".

            Um brinde ao Belgian Dash e a todas as histórias que ele viu, ouviu e possibilitou!

 

Thiago Damasceno, 9 de novembro de 2020

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