ThiagoDamasceno: Resenha Literária: A Ordem dos Arquivistas

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Resenha Literária: A Ordem dos Arquivistas

A Ordem dos Arquivistas: Centésimo

Por Thiago Damasceno

Para quem gosta de estórias ambientadas em cenários medievais com anciãos sábios, lugares perigosos e míticos, canções, lendas e demais características do gênero, A Ordem dos Arquivistas é dica de ouro com um diferencial: além dos elementos comuns à fantasia medieval o leitor se depara com uma organização de eruditos, a Ordem dos Arquivistas.

            Escrito pelo arquivologista e mestre em Ciência da Informação Ricardo Sodré Andrade, A Ordem dos Arquivistas: Centésimo conta a estória de Eli Saridem, jovem da cidade de Sanmaric, no Reino de Astoril, no continente de Herma, no ano 26 do reinado de Elodim III, o Sábio.


            Há 2 anos sem receber notícias de seu tio Oberon, membro pleno da Ordem dos Arquivistas, Eli deixa a Universidade e toma a Estrada de Sal rumo à Fortaleza do Vale, sede da consagrada Ordem dos Arquivistas. Ao contrário da maioria das obras do estilo, os perigos do Herói não começam na estrada, pois o caminho que ele toma é bem pavimentado, seguro e corta todo o reino. Os perigos começam quando ele menos espera, no povoado vizinho à fortaleza.

            Conseguindo entrar na sede dos arquivistas por meio de Vod, membro pleno e antigo pupilo de Oberon, Eli conhece de perto os métodos de trabalho dos arquivistas, bem como suas teorias sobre documentação. Seu guia pela fortaleza da ordem é o jovem Lucca. Por meio dos passeios dos dois conhecemos os mistérios em volta do desaparecimento de Oberon e toda a logística de funcionamento da ordem, contribuindo para a verossimilhança da obra e para a caracterização do universo criado por Ricardo Sodré.
            Nesse Universo, a magia existe, mas não de forma explícita. Alguns astorianos acreditam piamente, outros acham que as lendas mágicas e os mitos são apenas histórias para crianças. Opiniões à parte, o sobrenatural existe, embora não diretamente no continente de Herma. A magia está em locais lendários, como Pardes, reino que pode ser acessado pela ilha de Chaburin.

            O romance é de leitura leve e envolvente. A trama é contida, local, não é algo global, grandioso ou épico, e nesses moldes caminha bem. A estória se concluiu nessa obra, embora seu final abra possibilidades para continuações. Os elementos detetivescos são bem colocados e combinam como os elementos de aventura mítica. No geral, a trama cumpre o que busca ser, um thriller de fantasia sem sexo e com pouca violência, na contramão de best sellers do gênero como As Crônicas de Gelo e Fogo. A Ordem dos Arquivistas é uma obra politicamente correta, mas com algumas pontas que deveriam ser mais bem amarradas.   

            Seguindo a tradição das aventuras de detetive, o Vilão se revela apenas no final, e é quem menos se espera, mas até então não foi bem construído, sendo que não é possível entender profundamente suas motivações. O romance entre Eli e uma enfermeira da Ordem também deveria ser mais desenvolvido. Também falta mais clareza discursiva para explicar a grande trama mítica que envolve toda a família Saridem. Espero que as próximas edições também corrijam algumas falhas de digitação e revisão. No entanto, essas características não abalam o deleite que a leitura do livro proporciona.


            A Ordem dos Arquivistas é a organização responsável pela guarda de documentos reais e pela memória coletiva do reino, e suas portas estão abertas, cheias de mistérios e enigmas envolvendo o reino de Pardes para os leitores ansiosos por uma criativa literatura nacional.





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