ThiagoDamasceno: Última Leitura: Percy Jackson & Os Olimpianos: O Ladrão de Raios

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Última Leitura: Percy Jackson & Os Olimpianos: O Ladrão de Raios

Percy Jackson & O Ladrão de Raios

Por Thiago Damasceno



Adaptado para o cinema em 2010 sob direção de Chris Columbus, o romance juvenil publicado em 2005, de autoria do texano Rick Riordan, arrebatou e vem arrebatando fãs por todo o globo. Lembro bem que ano passado, durante meu estágio curricular em História, ministrei aulas para o ensino médio com a temática Mitologia Grega. Utilizei como meios o filme Percy Jackson & O Ladrão de Raios e o game God of War. Os alunos adoraram. Meses depois ainda ficavam falando daquelas aulas. Fiz algo simples e produtivo: abordar um tema usando elementos da realidade dos adolescentes.  



              Creio que o “segredo do sucesso” de Percy Jackson é sua visão de mitologia grega de maneira bastante criativa e adaptativa ao real. No universo de Percy, todas as histórias mitológicas foram e são reais e os personagens míticos atuam normalmente até hoje, mas nós não os percebemos claramente.
           
            Como mestre centauro Quíron explica para Percy, no livro, o que conhecemos como “civilização ocidental” não é um conceito abstrato. É uma força, uma consciência coletiva da qual os deuses fazem parte. Os deuses estão intimimante ligados a essa civilização, embora seja um mistério se eles são ou não sua fonte.

            Sendo assim, nossa civilização começou na Grécia e foi migrando pelo mundo, passando por Roma, Portugal, Inglaterra e foi seguindo pelas potências da história mundial até chegar à atual potência: Estados Unidos da América.

            Comentário latinoamericano com veias abertas: Defesa maior do imperialismo estaduniente... Impossível! Os deuses estão com eles e Pobre México: tão longe de Deus...

        Nessa migração do Olimpo, os humanos expressam, conscientemente ou não, os deuses em suas diversas criações, como na águia do símbolo norteamericano, que não é nada mais do que a águia de Zeus; a estátua de Prometeu no Rockfeller Center, entre outros exemplos.
           
            Na mesma conversa de Quíron, o deus Dioniso também caçoa da ideia humana de que a ciência é uma etapa “final” e madura de conhecimento, que estaria muito acima da mitologia primitiva. Ele lembra que a ciência de hoje pode ser a mitologia de amanhã, relativizando assim, o conhecimento humano no decorrer das eras.  

            E é nesse universo que mescla nosso mundo moderno com o mundo mítico antigo que o adolescente Percy Jackson descobre ser um meio-sangue – ou semideus – filho de Poseidon e que está metido numa baita encrenca: no roubo do raio-mestre de Zeus!

            Assim como no filme, no livro há uma conspiração olimpiana envolvendo Percy injustamente, e ele tem como amigos o sátiro Grover e a meia-sangue Annabeth, filha de Atena. Os três partem em uma extraordinária jornada para provar a inocência de Percy, descobrir o verdadeiro ladrão da arma principal de Zeus e resgatar a mãe mortal de Percy do Hades. Coisas básicas.



O enredo geral é o mesmo no livro e no filme, mas no livro há mais profundidade, claro. O que é comum no cinema block buster, que simplifica, tornando as coisas mais fáceis de digerir, atraindo mais público. Mas o filme é uma ótima adaptação.

            No livro, há um vilão acima do ladrão de raios, um vilão bem mais primitivo e forte. E entre o ladrão de raios e o vilão-mestre também há um deus perigosíssimo, que chega a enfrentar Percy. O submundo é representado como algo bem mais perigoso e grotesco e no decorrer do livro são feitas piadas – que são ótimas - com temas atuais, como o crescimento do protestantismo sensacionalista na TV. Enfim, o livro é mais crítico, sombrio e violento do que o filme.

            Só vejo um ponto negativo no livro, mas que não compromete a obra: o número de aventuras menores vividas pelos heróis antes da aventura decisiva. Claro que em toda Jornada do Herói tais aventuras são fundamentais para os heróis conhecerem os mundos novos, serem testados e se fortalecerem, mas há alguns capítulos de O Ladrão de Raios que na minha visão não contribuíram para o todo da obra. Parecem mais encheção de vinho no cálice de Dioniso. Mas como eu disse, isso não compromete a obra.

            Percy Jackson é uma boa dica de leitura e cinema e, para quem trabalha em sala de aula com História, também é um bom meio de abordagem. Seu autor, Rick Riordan, nasceu em 1964 em San Antonio, no Texas e por quinze anos ensinou Inglês e História em escolas públicas e privadas de São Fancisco.


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