ThiagoDamasceno: Crônica: Homens Engravatados

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Crônica: Homens Engravatados

Homens Engravatados
Por Thiago Damasceno

Estava eu um dia desses comendo em uma lanchonete no Setor Oeste, ao lado do Tribunal de Justiça do Estado, quando uma turba de homens de terno e gravata adentrou no recinto.

            São figurinhas carimbadas do nobre setor e do poder público na região. Outro carimbo é meu velho senso de revolta ou velho sendo de percepção de contradições.

            Deus que me livre de gravata! Não quero carregar esse fardo: o fardo de se desesperar atrás de respeito alheio, de pompa, de status social, de alguma posse além da posse de paz de espírito.

            Deus que me livre de gravata! Não quero que uma gravata deite por cima de um enorme bucho meu. Não quero que uma gravata combine com sapatos sociais engraxados por alguém que me chame de “patrão”. Deus que me livre de ser patrão!

            Deus que me livre de gravata! Não quero que uma gravata limpe minha reluzente aliança. A aliança ostenta o ouro de um casamento, ouro esse usado por muitas putas.

            Deus que me livre de terno, sapato social e gravata! Prefiro a leveza e odescompromisso dos trajes esportivos, despojados, joviais. Não quero esquentar a cabeça com seriedades bestiais.

            Quanto aos homens engravatados... que suas tolas seriedades os carreguem!


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