“Nos Deixem Viver,
Pelo Amor de Deus!”
Por Thiago Damasceno
A
desgraceira no transporte coletivo é realidade em todas – senão em quase todas
– as capitais. Nem adianta listar os problemas aqui porque eles são velhos
conhecidos por todos.
E em Goiânia a coisa toda assume tons
absurdos e surreais.
Agora os bilhetes SitPass foram extintos. A primeira raça
dizimada, após os cobradores. Sendo assim, temos que usar o Cartão Fácil
recarregável, algo considerado mais moderno, chic, Primeiro Mundo, essa merda toda bastante alheia ao cotidiano
brasileiro. Acontece que a direção da CMTC (Companhia Metropolitana de Transporte
Coletivo) limitou o uso do cartão. Você só pode usar uma vez por terminal ou
ônibus e no máximo quatro vezes ao dia. A justificativa é garantir a segurança
dos usuários.
Tá certo... Senta lá, Cláudia.
Atitudes como essas, que visam
apenas aos lucros de poucos por meio da exploração e da criação de mais
sofrimento à população confirmam uma ideia livre – e deveras clichê - que tive
acerca do nosso sistema políticoeconômico.
Estava eu andando de ônibus quando
me veio um pensamento hippie. A parte
de mim que ainda está voltando de Woodstock pensou: o mundo está a desgraceira
que está, devido, em grande parte, aos obstáculos que põem contra a vida
popular.
Em outras palavras, como canta
Sílvio Brito: “Tem que pagar pra nascer, tem que pagar pra viver, tem que pagar
pra morrer”.
Não, não estou exagerando no drama e
não sou a favor de ser caloteiro, mas é que pras camadas menos favorecidas há
toda uma política de impedimento à vida. Tudo é muito difícil, desde transporte
à manutenção da saúde. O brasileiro pobre e de classe média vive cercado por um
dinheirisimo selvagem, uma burocracia avassaladora e demais bloqueios aos atos vitais.
Parece que apenas a morte lenta por inação é autorizada. A elite brasileira é
sádica. Sua filosofia é de que o outro precisa estar prostrado no chão para que
o elitismo possa desfilar.
O trabalhador que ganha salário
mínimo, o filho desse trabalhador, que estuda em escola pública ruim os e
demais cidadãos com estilo de vida semelhante nem sempre têm uma consciência que
permitam a eles criticar seus meios sociais e discutir com coerência política e
economia, mas sofrem sentem diariamente na pele a exploração dos donos de poder
a ponto de erguerem as mãos pros Céus e clamar: “Nos deixem viver, Pelo Amor de
Deus!”.
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Muito bom, cara!
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