ThiagoDamasceno: Crônica: Como os Fantasmas Estragam Uma Metamorfose

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Crônica: Como os Fantasmas Estragam Uma Metamorfose

Como os Fantasmas Estragam Uma Metamorfose

Por Thiago Damasceno


Após algumas mortes na família (incluindo meu cachorro), volta às aulas a mil por hora depois de uma greve de três meses, manifestações pelo Brasil afora, aprovação em um concurso público, boas ideias na cabeça pra um bom romance juvenil, conclusão da graduação chegando, novas escolhas pra minha carreira acadêmica, a consolidação de um grande amor, uma viagem muito massa à verdadeira capital do país (São Paulo), e o anúncio de Bell Marques sobre sua saída do Chiclete Com Banana... volto a blogar, trazendo o equilíbrio à literatura cronística cerradense, conforme reza a Profecia...

            Meus dedos ficaram um tempão sem apalpar as teclas, mas andei desenvolvendo meus pensamentos entre ônibus lotados e pedras pelo meio do caminho. E assim, tem horas que percebemos que mudamos tanto que olhamos pra trás e nos sentimos estranhos em uma terra estranha, ou “desterrados em nossa própria terra”, como diz Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil.

            Brasileiro desbrasileirado ou não, gosto de ver umas coisas como antes, no seu devido lugar. Isso conforta a mente. E sim, podem me chamar de conservador, nesse ponto. Meu inconsciente me mostrou algo desse (des)conforto em um sonho que tive indo pra agitada e cosmopolita São Paulo.

            Sonhei que estava descendo as escadas do meu prédio e me deparei com três pequenos vultos. Percebendo que eram crianças, corri pra assustá-las, mas elas avançaram e então vi que as três estavam mortas. Não eram zumbis, como prega a moda. Eram fantasmas. Corri delas com muito medo. Justamente: medo. Tenho medo de fantasmas. Sempre tive. Os das estórias e os aparentemente reais. Se tem uma coisa que me dá medo são os ditos cujos fantasmas. Serial killers chegam a ser menos maléficos pra mim.

            O bom disso, tirando o banal e incipiente exercício freudiano, é que claramente meu medo infantil permanece. Ainda tenho um pé em algo firme e antigo, como todo mundo. E como o próprio mundo.

Sonho e escrevo em letras grandes, de novo
Pelos muros do país
John, o tempo andou mexendo com a gente...

(Belchior)


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