Desterro
(Thiago
Damasceno)
Vive
dentro de mim uma solidão inconsolável
vasta
planície cujos limites o medo não alcança
oásis
desmapeado em um deserto impenetrável
onde
os pés não deixam as pegadas das suas andanças
Sou
o último ser vivo na Terra
derradeira
alma encarnada debaixo do Céu
testemunha
fiel do final das eras
falante
solitário nas ruínas de Babel
E
não há messias ou profeta
Bíblia
ou Alcorão
batismo
ou gozo asceta
que
me conforte dessa solidão
Se
minha pátria for eu mesmo
há
muito vivo em exílio
Se
minha origem me conduziu aos ermos
sou
o filho pródigo do Desterro
Pois
a casa que me viu nascer foi violada
e
meus irmãos e irmãs foram levados
pelos
mercadores de condenados
Nosso
tambor silenciou
nossa cantiga foi calada
nossa
savana desertou
e
o banzo em nós fez morada
Procurei
forças na memória dos ancestrais
entre
os fôlegos de vida dos últimos viventes
Durmo
angustiado entre os restos mortais
dos
quartos já profanados dos descendentes
Vivo
devorado por uma fome insaciável
animal
feroz de garras e dentes afiados
mar
aberto agitado por uma sede imensurável
porta-voz
do mergulho aflito dos sentenciados
Sou o último ser vivo na Terra
derradeira alma encarnada debaixo do Céu
testemunha fiel do final das eras
falante solitário das ruínas de Babel
Com “Desterro” conquistei o 3º lugar no Prêmio Marieta Jayme de Poesia, organizado pela União Literária Anapolina (ULA), com resultado divulgado durante a IV Feira Literária Anapolina (FLANA) no último 20 de abril. Foi uma grande alegria e surpresa ter recebido esse prêmio! Então compartilho esses versos com vocês!
Os versos são duros e difíceis, mas espero que vocês gostem! Adotei um design um pouco diferente do design dos posts sobre história e religião para marcar uma diferença e porque esse verde escuro musgo, sendo uma cor terral, remete a um lugar étnico-racial, no meu caso, de negro. Continuarei postando conteúdos de história árabe-islâmica e de religião, mas vez ou outra postarei mais poemas de minha autoria.
Gostou? Então curta e comente aqui! Obrigado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário