Essa
Coisa Toda de Ano Novo
Por Thiago Damasceno
Sempre achei uma grande besteira essa coisa
toda de Ano Novo com suas promessas e juras de positividades eternas, mas
também gosto de estar dentro dessa besteira com as amizades do peito. Faz bem
pra alma, se é que há alma. Acredito mais em memória do que em alma. Quando se
morre, pra onde vão as lembranças? Retornam à Força? São convertidas em raios
gama, raios cósmicos, voltam a ser matéria interestelar? Afinal, tudo se
transforma e somos poeira das estrelas.
Na manhã de primeiro de
janeiro de 2016 estava dando uma volta pela nossa preguiçosa Goiânia que exibia
com orgulho sua ancestralidade rural e tediosa em suas ruas vazias pela ressaca
do dia anterior. E eu, também de ressaca, ainda arrotava garrafas de Estrella
Galicia e o espumante da meia-noite cuja marca nem procurei saber, só queria
mesmo uma dose mais forte pra ajudar a digerir o complicado ano de 2015.
Mas ver o ano se iniciando
daquele jeito, de forma calma e tímida, fez bem. Deu mais ainda aquela sensação
de recomeço, como se fala em um poema do Drummond que todo mundo anda
compartilhando tanto nas redes sociais que já virou clichê.
O início do ano foi tipo
começo de temporada nova de seriado: no final da temporada anterior a agente
Scully encontra um embrião extraterrestre e o agente Mulder quase foi morto por
saber demais, mas aí uns caras de preto levam o embrião de volta pro lugar de
onde não deveria ter saído e devolvem o Mulder ainda vivo. Pronto: tudo
voltando ao normal.
No mais, só espero que este
2016 não tenha tanto clichês nem tantos porres-clichês pra esquecer as merdices
do ano, muito menos embriões de extraterrestres a serem descobertos. Tô
desejando mesmo mais estabilidade e sossego, mas sei que isso vai ser difícil.
Já tô vivido o suficiente
pra sentir que vem bagaceira por aí.
E
muita ressaca.
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