ATENÇÃO:
Texto Com Spoilers!
O
Retorno da Força:
Uma Breve
Análise de Star Wars – Episódio VII Por
Um Fã
Por Thiago Damasceno
É um prazer imenso, espacial e mitológico ver
o retorno de Star Wars às telonas com
seus personagens icônicos e seus demais elementos que se tornaram presentes no
imaginário popular desde os anos 1970, mas Episódio
VII – O Despertar da Força não é lá essas coisas que estão falando, como se
fosse um dos melhores filmes da franquia ou do ano. É um filme bom. É um bom
começo para uma nova trilogia. Apenas.
Já
iniciei o texto com minha opinião e a seguir falarei meus motivos. Começo com
as qualidades da obra: trama ágil, boa escolha de elenco, ótimas atuações,
cenas de ação no ritmo e na medida certa e toques de mistérios e suspense ao
estilo J. J. Abrams, que primeiro apresenta seus personagens e depois mostra seus
passados. Pelo jeito, o cineasta fará isso nos próximos episódios, VIII e IX.
Aguardo ansiosamente respostas sobre os passados de Rey, Kyle Ren, Luke e
Snoke. Só espero que J. J. Abrams não perca
a mão como perdeu na série Lost, onde
deixou muitas questões sem respostas.
É
perceptível para os fãs de média e longa data que Episódio VII – O Despertar da Força usa em seu enredo estruturas
dos Episódios IV e V. Uns veem isso como homenagem. Concordo em partes. Mas
devido à quantidade excessiva de referências estruturais aos episódios
anteriores, Episódio VII deixa a
desejar em criatividade.
Estão
lá novamente o dróide-chave que todos procuram. Antes era R2D2 com a mensagem
da Princesa Léia Organa para o velho mestre jedi em autoexílio Obi-Wan Kenobi,
agora é o carismático BB-8 com um mapa para encontrar o lendário jedi também em
autoexílio Luke Skywalker; antes o jovem Luke Skywalker deixou seu desértico
planeta Tatooine rumo a uma jornada heroica, agora é a vez da jovem Rey deixar o
estéril Jakku; antes o Império tinha uma super arma secreta, agora sua filha
mais nova, a Primeira Ordem, também tem sua super arma secreta; antes o
confronto entre pai e filho era entre Luke e Darth Vader, agora é entre Han
Solo e Kyle Ren, também numa ponte sobre um grande fosso, tal qual no episódio
V.
Há
várias outras referências menores que considero desnecessárias, mas destaco por
último a figura do Velho Mentor. Antes tínhamos uma criatura antiquíssima que
conhecia muito bem a Força: era o pequeno mestre verde Yoda. Agora, a maior
conhecedora da Força é Maz Kanata. Também pequena e também antiquíssima. Uma
versão feminina de Yoda, e laranja.
Penso
que bastavam as referências normais aos episódios anteriores como personagens,
naves e temas. As referências às estruturas das estórias e roteiros anteriores
prejudicaram o novo episódio. Há tempos eu suspeitava que enquanto a trama
trabalhasse com os personagens da trilogia clássica, a nova trilogia não iria
avançar muito em termos de “autonomia”. A trilogia do I ao III tem sua
identidade e a do IV ao VI também. A nova trilogia (do VII ao IX) iniciou com
pouca autonomia pela quantidade excessiva de referências estruturais aos
enredos passados, mas com a morte de Han Solo e já apresentados os novatos na
saga, creio que nos episódios VIII e IX teremos realmente os episódios VIII e
IX, filmes mais autônomos em termos de estrutura e identidade. Assim espero.
Outros
dois pontos fracos do filme são a escassa contextualização política Pós-Queda
do Império e o mau uso da personagem Capitã Phasma.
Devem
ter se passado uns 20 anos desde a queda do Império e, mesmo assim, não vemos
como funciona a Nova República e a Resistência, apesar de aliada ao poder
oficial, encontra-se tão sucateada quanto a antiga Aliança Rebelde.
Na Primeira Ordem, cuja
origem é obscura – mas que talvez seja esclarecida nos próximos filmes – temos
a Capitã Phasma, que é um soldado diferenciado, mas age pouco e não tem nenhum
peso na trama. Talvez os próximos filmes, talvez...
Entretanto, O Despertar da Força é um bom filme de
aventura. Como diria uma amiga, praticamente um “As Aventuras de Finn e Rey”.
Interessantes esses dois personagens protagonistas, um negro e uma mulher,
seguindo a tendência cinematográfica de dar voz a representantes de grupos
sociais até então bastante submissos no cinema. Finn é engraçado e ativo, você
pensa que ele será o próximo jedi e então... Rey, moça forte e independente
revela ser o principal receptáculo do “despertar da Força”, como menciona Kylo
Ren ao seu mestre, Snoke.
Quanto aos mistérios
relacionados à família Skywalker, Rey e os novos vilões há vários. Kyle Ren,
cujo antigo nome era Ben – como seu pai Han Solo o chama – é um jovem rebelde
que se espelha na sombra do avô, Darth Vader. Muitos pensam que ele era um
discípulo de Luke que foi para o lado sombrio, mas isso não é afirmado com
exatidão, deixando a ideia de que talvez Snoke possa ser o antigo discípulo
rebelde de Luke. Esperemos as respostas.
Outra coisa que precisa ser
mais esclarecida é o uso do sabre-de-luz. Até então a arma era considera super
perigosa e só alguém com reflexos de jedi e muito treino poderia manuseá-la.
Mas Finn a usa. E ele, tem a Força ou não? Rey usa a arma magistralmente, mas a
Força está com ela, porém, só isso seria necessário para bailar com o
sabre-de-luz? Kyle Ren deu uma surra em Finn, mas perdeu para a garota. Válido,
sendo ele um aprendiz ainda – Snoke diz que precisa terminar seu treinamento –
mas ao mesmo tempo um aprendiz que consegue parar um tiro laser no ar. Confuso, tão confuso quanto os caminhos do lado
sombrio.
Pontos fortes e emocionantes
do filme são a entrada de Han Solo e Chewbacca na Millennium Falcon, o voo da
Millennium Falcon após anos estacionada, a trágica morte de Han Solo, as visões
que Rey tem sobre seu passado e o encontro da jovem com Luke Skywalker, logo no
final da o filme.
Um gancho perfeito para as próximas aventuras galácticas.
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