A
Ordem dos Arquivistas: Centésimo
Por Thiago Damasceno
Para quem gosta de estórias ambientadas
em cenários medievais com anciãos sábios, lugares perigosos e míticos, canções,
lendas e demais características do gênero, A
Ordem dos Arquivistas é dica de ouro com um diferencial: além dos elementos
comuns à fantasia medieval o leitor se depara com uma organização de eruditos,
a Ordem dos Arquivistas.
Escrito pelo arquivologista e mestre em Ciência da
Informação Ricardo Sodré Andrade, A Ordem
dos Arquivistas: Centésimo conta a estória de Eli Saridem, jovem da cidade
de Sanmaric, no Reino de Astoril, no continente de Herma, no ano 26 do reinado
de Elodim III, o Sábio.
Há 2 anos sem receber notícias de seu tio Oberon, membro
pleno da Ordem dos Arquivistas, Eli deixa a Universidade e toma a Estrada de
Sal rumo à Fortaleza do Vale, sede da consagrada Ordem dos Arquivistas. Ao
contrário da maioria das obras do estilo, os perigos do Herói não começam na
estrada, pois o caminho que ele toma é bem pavimentado, seguro e corta todo o
reino. Os perigos começam quando ele menos espera, no povoado vizinho à
fortaleza.
Conseguindo entrar na sede dos arquivistas por meio de
Vod, membro pleno e antigo pupilo de Oberon, Eli conhece de perto os métodos de
trabalho dos arquivistas, bem como suas teorias sobre documentação. Seu guia
pela fortaleza da ordem é o jovem Lucca. Por meio dos passeios dos dois
conhecemos os mistérios em volta do desaparecimento de Oberon e toda a
logística de funcionamento da ordem, contribuindo para a verossimilhança da
obra e para a caracterização do universo criado por Ricardo Sodré.
Nesse Universo, a magia existe, mas não de forma
explícita. Alguns astorianos acreditam piamente, outros acham que as lendas
mágicas e os mitos são apenas histórias para crianças. Opiniões à parte, o
sobrenatural existe, embora não diretamente no continente de Herma. A magia
está em locais lendários, como Pardes, reino que pode ser acessado pela ilha de
Chaburin.
O romance é de leitura leve e envolvente. A trama é contida,
local, não é algo global, grandioso ou épico, e nesses moldes caminha bem. A
estória se concluiu nessa obra, embora seu final abra possibilidades para continuações.
Os elementos detetivescos são bem colocados e combinam como os elementos de
aventura mítica. No geral, a trama cumpre o que busca ser, um thriller de fantasia sem sexo e com
pouca violência, na contramão de best
sellers do gênero como As Crônicas de
Gelo e Fogo. A Ordem dos Arquivistas é
uma obra politicamente correta, mas com algumas pontas que deveriam ser mais
bem amarradas.
Seguindo a tradição das aventuras de detetive, o Vilão se
revela apenas no final, e é quem menos se espera, mas até então não foi bem
construído, sendo que não é possível entender profundamente suas motivações. O
romance entre Eli e uma enfermeira da Ordem também deveria ser mais
desenvolvido. Também falta mais clareza discursiva para explicar a grande trama
mítica que envolve toda a família Saridem. Espero que as próximas edições
também corrijam algumas falhas de digitação e revisão. No entanto, essas
características não abalam o deleite que a leitura do livro proporciona.
A Ordem dos Arquivistas é a organização responsável pela
guarda de documentos reais e pela memória coletiva do reino, e suas portas
estão abertas, cheias de mistérios e enigmas envolvendo o reino de Pardes para
os leitores ansiosos por uma criativa literatura nacional.
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