Goiânia, Sua Fedida!
Por
Thiago Damasceno
Hoje acordei com uma
lembrança: centenas de garis correndo e pulando e dançando e cantando de um
lado pro outro recolhendo o lixo acumulado nas calçadas da minha rua. Era um
verdadeiro musical, e olha que nem gosto de musicais. É alegria demais pro
cotidiano porra louca. Mas voltando à lembrança... Levantei da cama e abri a
janela do quarto e... Me deparei com os mesmos sacos de lixo. Foi tudo um
sonho. Nada mais do que um sonho. E pra piorar, o lixo não está apenas na minha
rua. Na verdade, AINDA há pouco lixo na minha rua.
Se você que está lendo isto agora
reside na capital do coração do Brasil, você sabe do que estou falando. Se não
entendeu nada, digo logo que há dias o sistema goianiense de coleta de lixo
está em crise. Sendo assim, montes e montes de lixos de todas as raças,
gêneros, credos e espécies estão se amontoando pelas calçadas de vários – senão
todos – os setores da cidade. Em algumas áreas o fedor é tão insuportável que
gera ânsia de vômito; em outras, os moradores precisam queimar o lixo para
afastar ratos, insetos e outras criaturas das profundezas das sombras; e em
outras, colocam os sacos nos canteiros centrais da rua como forma de afastar o
mau cheiro e como forma de protesto.
A história é longa, o discurso é
enrolado: diz-se que o município está devendo uns poucos bilhões pra empresa
responsável pelos caminhões de coleta, que alguns caminhões estão sendo
restaurados e que a culpa de tudo é de uma grande horda de cidadãos
inadimplentes. E no meio dessa bagaceira, o Ministério Público deu um prazo de
dez dias pra que as autoridades “competentes” resolvam o problema.
E o engraçado de tudo era que tempos
atrás se defendia que Goiânia deveria sediar jogos da Copa... Os sacos de lixo
devem estar torcendo pro Brasil também.
Outra coisa engraçada é que, segundo
imagens da TV Anhanguera, a rua do prefeito está sem lixo amontoado. Assim, o
cidadão comum que trabalha pra pagar seus impostos, cuja parte vai pro salário
dos administradores , pode ficar satisfeito.
Isso tudo mostra um problema crônico
da nossa cultura e da nossa forma de lidar com a política: falta de
administração e planejamento. Sem mencionar a falta de vergonha na cara. Um
serviço básico desses entra em crise numa capital do porte da jovem Goiânia, a
mesma capital que os políticos irão vangloriar nas campanhas. Olhos atentos,
meu povo e minha pova!
Pra variar, um simples cidadão como
eu – e como muitos – só quer (emos) uma coisa bem simples e que até certo tempo
era corriqueira: que aquele sonho que falei no primeiro parágrafo vire
realidade.
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