A
Gênese de Julho
Por Thiago Damasceno
Julho chegou com tudo e eu estava em Goiânia com o desejo
de ficar estudando, lendo e escrevendo. Confesso que estava acomodado com o
conforto solitário de um apartamento. Estava com dúvidas sobre ir pra minha
cidade natal, Carolina-MA, e parte de mim não queria mesmo viajar, mas ainda
bem que outras forças me moveram até o calor maranhense e eu teria me
arrependido salgadamente de tivesse passado o melhor mês das férias longe do
Maranhão.
Talvez eu estivesse desanimado pra viajar porque se
viajasse, não haveria tempo de gravar mais um álbum do Viajante Clandestino,
mas apenas algumas músicas e olhe lá! Heitor também queria passar uns dias em
Brasília e eu não sabia o que meus outros amigos músicos estavam aprontando em
Carolina. Além disso, não há mais praia em Carolina e um dos balneários do
município, a Pedra Caída, tornou-se muito cara, praticamente elitizada. Porém, toda uma galera estaria lá também pra passar as férias em dias ensolarados. Havia um mundo de possibilidades e uma onda de euforia no ar.
Com tudo isso e um pouco mais na cabeça, cheguei em Carolina na segunda semana de julho, na terça, dia 10, por volta das 22 horas. Vim em um polêmico e demorado ônibus da Transbrasiliana e pretendo nunca mais viajar nessa empresa, pois a viagem durou quase 22 horas. O ônibus pingou mais que o material aquecido do vulcão Vesúvio quando este destruiu Pompéia, antiga cidade romana. Coisa de louco! O engraçado é que a viagem demorou mais no trajeto mais próximo à Carolina, de Araguaína-TO para Filadélfia-TO. Quando o ônibus cruzou a divisa entre Maranhão e Tocantins fui invadido por um tremendo alívio. O escuro não permitiu que eu visse com mais detalhes o rio Tocantins e a beira-rio da cidade, entretanto havia a velha calmaria no ar, típica de cidades pequenas.
Com tudo isso e um pouco mais na cabeça, cheguei em Carolina na segunda semana de julho, na terça, dia 10, por volta das 22 horas. Vim em um polêmico e demorado ônibus da Transbrasiliana e pretendo nunca mais viajar nessa empresa, pois a viagem durou quase 22 horas. O ônibus pingou mais que o material aquecido do vulcão Vesúvio quando este destruiu Pompéia, antiga cidade romana. Coisa de louco! O engraçado é que a viagem demorou mais no trajeto mais próximo à Carolina, de Araguaína-TO para Filadélfia-TO. Quando o ônibus cruzou a divisa entre Maranhão e Tocantins fui invadido por um tremendo alívio. O escuro não permitiu que eu visse com mais detalhes o rio Tocantins e a beira-rio da cidade, entretanto havia a velha calmaria no ar, típica de cidades pequenas.
Cheguei na casa da minha avó e tudo estava no mesmo
lugar, incluindo minha saboneteira e shampoo
no banheiro, que deixaram apenas a poeira ao redor de seus lugares limpos por
estarem ocupados pelos recipientes dos produtos. Logo saí pra rever os amigos e
a noite terminou numa “chilitada” às duas da manhã na praça da prefeitura. Uma
chilitada consiste em comer chilito, isso mesmo, chilito. Chilito com
refrigerante em horários e locais não usuais. Uma prova inquestionável da falta
do que fazer, algo que eu procurava há algum tempo: fazer pouca coisa ou coisas
aparentemente insignificantes.
No meio dessa aventura
encontramos um bando etílico, ou seja, um grupo de adolescentes e jovens que
estava bebendo, alguns já rolando pelo chão. Um grupo normal nesses tempos e
também normal desde sempre, só não é tão normal um grupo se embrenhar numa
praça pra comer chilito de madrugada. Essa atitude é, de certo modo, rebelde,
comparada à atitude dos jovens de beber álcool. Todo mundo faz isso, é fácil
fazer, é uma atividade cheia de status.
O jovem que bebe é visto por outros jovens como alguém legal, de boa,
descolado. Enfim, beber é cheio de descolice. Porém, dias depois ficamos também
“ortodoxos”, pois também tivemos nossas aventuras etílicas. Vou narrá-las nas
próximas crônicas.
Voltando
ao encontro com o bando etílico...
Conversamos,
comemos, bebemos, atentamos os bêbados, uma mãe zangada apareceu, etc. Sabe a
tensão que dá né? Madrugada, jovens, álcool, mães... Mas no fim da madrugada
rimos muito de tudo. Nessa minha primeira caminhada noturna pela cidade, vi os
lugares frequentados pela galera, os casais, os vícios, as manias, as virtudes,
os pecados, os comportamentos e as personalidades que atuavam no palco das
férias. Amizades, música, sexo, álcool, aventuras, drogas, romances, ideias,
sonhos e frustrações estavam jogados no espaço-tempo sem roteiros.
Julho
se mostrava como um trem que se movimentava de forma tão intensa que poderia
chegar ao seu destino com tanta força que arremessaria todos os passageiros
para fora... Ou poderia simplesmente descarrilhar.
Semana que vem, o segundo texto da trilogia: "A Explosão de Julho".
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