Minhas irmãs e meus irmãos de “terras brasilis”, é chegado o momento que não aguento mais: propagandas eleitorais! Perdão pela rima boba e brega. E por falar em breguice... Tem coisa mais brega do que período eleitoral no Brasil?
De
2 em 2 anos somos assolados com o festival de breguices que são essas campanhas:
sorrisos programados, jingles horríveis
com dancinhas bobas (em certos casos), slogans
previsíveis e discursos ensaiados baseados em conceitos genéricos como
“mudança”, “renovação”, “esperança” e mais um monte de termos vazios de sentido
do tanto que já foram mal utilizados. Quando vamos levar a política
profundamente a sério?
Claro
que existem exceções, mas a regra do jogo é um conjunto de ausências: ausências
de projetos políticos relevantes, planos de governo detalhados e bom gosto na
estética e na linguagem. A cereja desse bolo estapafúrdio é a total falta de
senso de ridículo em muitos clipes, vinhetas e propagandas como um todo.
Também faz parte da receita geral
defender termos genéricos como “educação”, “segurança”, etc., mas ninguém tem
um planejamento específico e peito para defender questões pontuais explicando
tudo em detalhes. Por exemplo, que educação é defendida? Uma educação pública
não baseada apenas em mercado que visa formar cidadão críticos e fiscalizadores
e cobradores dos políticos - como funcionários públicos que são - ou uma
educação de cunho apenas técnico e trabalhista que tem como objetivo formar
cidadãos alienados abobados na política? Cidadãos esses devidamente temperados e
cozinhados como prato principal do grande banquete do capital (outra rima boba
e brega).
Portanto,
sejamos vigilantes quanto aos discursos genéricos e carentes de detalhes que
não resistem aos primeiros minutos de uma sabatina.
Também tenho a impressão de que o
número de candidatos vem aumentando a cada ano. Se essa questão quantitativa é
mesmo um fato e se é boa ou ruim por si só, não sei, mas me pergunto até quando
uma pessoa isolada cheia de boas intenções pode de fato mudar a política, ainda
mais se colocando à frente de propagandas eleitorais tradicionais que mais
obedecem à uma lógica de circo e de partida de futebol do que à representação
coerente e condizente à seriedade de um cargo político.
Percebo que a estrutura política
assimila a todos e a todas. Durante a campanha, os candidatos têm determinados
princípios. Ao serem eleitos, esses princípios costumam mudar segundo as regras
do grande jogo de poder e de dinheiro que é a política brasileira. Sem contar
os muitos casos de ameaça físicas e assassinatos a quem não se vende a essas normas
podres. Lembremos o caso de Marielle Franco...
Sendo assim, quem poderia escapar
da assimilação desse leviatã que é a estrutura política brasileira?
Fato é que estou cansado de
candidatos e partidos que se dizem novos e renovadores. De novidades e profetas
da renovação o Inferno está cheio!
Quero uma política com projetos
que incluam de fato o povo brasileiro em suas diversas manifestações e posições
sociais, uma política que leve a sério os princípios constitucionais, o
respeito pelos Direitos Humanos e pelos serviços e bens públicos. Quero um país
que se leve a sério! E isso deve começar pela política!
Imagine o que Aristóteles diria
se vivesse no Brasil contemporâneo. Ele diria que somos seres naturalmente
políticos ou apolíticos?
Em
suma, quero que esta crônica um dia se torne obsoleta e, principalmente, brega!
Thiago Damasceno, 29 de setembro
de 2020
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