“Eu Sou a Lenda” (“I am Legend”, no original) narra o cotidiano
de Robert Neville, o último homem na Terra após a disseminação de uma praga que
transformou todos os seres humanos em vampiros. De dia, Neville cuida da
segurança de sua casa, procura por suprimentos pela cidade e mata alguns
vampiros adormecidos que encontra pelo caminho. De noite, Neville fica enclausurado
no seu lar, protegido dos vampiros que, inclusive, sabem onde ele mora e ficam
chamando-o do lado de fora de sua casa, sedentos por seu sangue.
Nessa trama, publicada originalmente em 1959, o escritor
estadunidense Richard Matheson (1926-2013) mescla com maestria, coerência e
coesão elementos dos gêneros horror, terror, fantasia e ficção científica. Não
é à toa que suas obras influenciaram outros criadores na cultura pop, como
Stephen King (1947-) e George Romero (1940-2017), e obras posteriores
contextualizadas em cenários de fim do mundo e/ou de apocalipse zumbi. Vale
ressaltar que Matheson escreveu alguns roteiros da série clássica “The Twilight
Zone” (“Além da Imaginação”) e outros trabalhos literários não diretamente relacionados
ao horror ou ao terror.
Apesar
de ter recebido influências de obras anteriores - como “Drácula”, de Bram
Stoker (1847-1912) - Matheson apresenta vampiros mais semelhantes a
mortos-vivos desesperados por sangue do que vampiros elegantes e astutos.
Curioso é o tom científico da obra que, às vezes, gera até humor: pesquisando
sobre a natureza da praga vampiresca e sobre o porquê de os vampiros morrerem
com elementos como estaca no coração, luz do Sol e alho, Neville questiona, por
exemplo, se um vampiro muçulmano poderia temer a cruz. Além disso, com o fluxo
de consciência do personagem principal – por meio da técnica do discurso
indireto livre – nós, leitores, temos acesso aos pensamentos e à vida íntima de
Neville, contribuindo assim para a geração de simpatia entre nós e o protagonista.
A narrativa de Matheson nos apresenta um mundo novo e terrível aos poucos, de
forma crível. Com a leitura de poucas páginas já somos fisgados para aquele
contexto apocalíptico onde as indagações existenciais de Neville sobre a
solidão e o sentido da existência humana representam nossas próprias reflexões.
Contudo, quando menos se espera, o cotidiano de Neville – tedioso para o
personagem, mas interessante para nós – sofre uma reviravolta com o surgimento de
uma nova personagem, que leva ao desfecho surpreendente e impactante do livro.
Sem sombra de dúvidas, “Eu Sou a
Lenda” é leitura obrigatória para os amantes de fantasia e ficção científica.
P.S.: “Eu Sou a Lenda” foi adaptado
três vezes para o cinema:
1 – “The
Last Man On Earth” (“Mortos que Matam”), de 1964, dirigido por Ubaldo Ragona e
Sidney Salkow;
2 – “The Omega Man” (“A Última Esperança da
Terra”), de 1971, dirigido por Boris Sagal;
3 – “I am Legend” (Eu Sou a Lenda”), de 2007,
dirigido por Francis Lawrence.
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