Homens Engravatados
Por Thiago Damasceno
Estava eu um dia
desses comendo em uma lanchonete no Setor Oeste, ao lado do Tribunal de Justiça
do Estado, quando uma turba de homens de terno e gravata adentrou no recinto.
São figurinhas carimbadas do nobre
setor e do poder público na região. Outro carimbo é meu velho senso de revolta
ou velho sendo de percepção de contradições.
Deus que me livre de gravata! Não
quero carregar esse fardo: o fardo de se desesperar atrás de respeito alheio,
de pompa, de status social, de alguma
posse além da posse de paz de espírito.
Deus que me livre de gravata! Não
quero que uma gravata deite por cima de um enorme bucho meu. Não quero que uma gravata
combine com sapatos sociais engraxados por alguém que me chame de “patrão”.
Deus que me livre de ser patrão!
Deus que me livre de gravata! Não
quero que uma gravata limpe minha reluzente aliança. A aliança ostenta o ouro de
um casamento, ouro esse usado por muitas putas.
Deus que me livre de terno, sapato
social e gravata! Prefiro a leveza e odescompromisso dos trajes esportivos,
despojados, joviais. Não quero esquentar a cabeça com seriedades bestiais.
Quanto aos homens engravatados...
que suas tolas seriedades os carreguem!
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