Percy
Jackson & O Ladrão de Raios
Por
Thiago Damasceno
Adaptado
para o cinema em 2010 sob
direção de Chris Columbus, o romance juvenil publicado em 2005, de autoria do texano Rick Riordan, arrebatou e vem arrebatando fãs por todo o globo. Lembro bem que ano passado,
durante meu estágio curricular em História, ministrei aulas para o ensino médio
com a temática Mitologia Grega. Utilizei como meios o filme Percy Jackson & O Ladrão de Raios e o
game God of War. Os alunos adoraram.
Meses depois ainda ficavam falando daquelas aulas. Fiz algo simples e produtivo:
abordar um tema usando elementos da realidade dos adolescentes.
Creio
que o “segredo do sucesso” de Percy
Jackson é sua visão de mitologia grega de maneira bastante criativa e
adaptativa ao real. No universo de Percy, todas as histórias mitológicas foram
e são reais e os personagens míticos atuam normalmente até hoje, mas nós não os
percebemos claramente.
Como mestre centauro Quíron explica
para Percy, no livro, o que conhecemos como “civilização ocidental” não é um
conceito abstrato. É uma força, uma consciência coletiva da qual os deuses
fazem parte. Os deuses estão intimimante ligados a essa civilização, embora
seja um mistério se eles são ou não sua fonte.
Sendo assim, nossa civilização começou
na Grécia e foi migrando pelo mundo, passando por Roma, Portugal, Inglaterra e
foi seguindo pelas potências da história mundial até chegar à atual potência:
Estados Unidos da América.
Comentário
latinoamericano com veias abertas: Defesa maior do imperialismo
estaduniente... Impossível! Os deuses estão com eles e Pobre México: tão longe de Deus...
Nessa migração do Olimpo, os humanos
expressam, conscientemente ou não, os deuses em suas diversas criações, como na
águia do símbolo norteamericano, que não é nada mais do que a águia de Zeus; a
estátua de Prometeu no Rockfeller Center, entre outros exemplos.
Na mesma conversa de Quíron, o deus
Dioniso também caçoa da ideia humana de que a ciência é uma etapa “final” e
madura de conhecimento, que estaria muito acima da mitologia primitiva. Ele
lembra que a ciência de hoje pode ser a mitologia de amanhã, relativizando
assim, o conhecimento humano no decorrer das eras.
E é nesse universo que mescla nosso
mundo moderno com o mundo mítico antigo que o adolescente Percy Jackson
descobre ser um meio-sangue – ou semideus – filho de Poseidon e que está metido
numa baita encrenca: no roubo do raio-mestre de Zeus!
Assim como no filme, no livro há uma
conspiração olimpiana envolvendo Percy injustamente, e ele tem como amigos o
sátiro Grover e a meia-sangue Annabeth, filha de Atena. Os três partem em uma
extraordinária jornada para provar a inocência de Percy, descobrir o verdadeiro
ladrão da arma principal de Zeus e resgatar a mãe mortal de Percy do Hades. Coisas
básicas.
O enredo geral é o mesmo no livro e no
filme, mas no livro há mais profundidade, claro. O que é comum no cinema block buster, que simplifica, tornando
as coisas mais fáceis de digerir, atraindo mais público. Mas o filme é uma ótima
adaptação.
No livro, há um vilão acima do
ladrão de raios, um vilão bem mais primitivo e forte. E entre o ladrão de raios
e o vilão-mestre também há um deus perigosíssimo, que chega a enfrentar Percy. O
submundo é representado como algo bem mais perigoso e grotesco e no decorrer do
livro são feitas piadas – que são ótimas - com temas atuais, como o crescimento
do protestantismo sensacionalista na TV. Enfim, o livro é mais crítico, sombrio
e violento do que o filme.
Só vejo um ponto negativo no livro,
mas que não compromete a obra: o número de aventuras menores vividas pelos
heróis antes da aventura decisiva. Claro que em toda Jornada do Herói tais
aventuras são fundamentais para os heróis conhecerem os mundos novos, serem
testados e se fortalecerem, mas há alguns capítulos de O Ladrão de Raios que na minha visão não contribuíram para o todo
da obra. Parecem mais encheção de vinho no cálice de Dioniso. Mas como eu
disse, isso não compromete a obra.
Percy
Jackson é uma boa dica de leitura e cinema e, para quem trabalha em sala de
aula com História, também é um bom meio de abordagem. Seu autor, Rick Riordan,
nasceu em 1964 em San Antonio, no Texas e por quinze anos ensinou Inglês e História
em escolas públicas e privadas de São Fancisco.
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