Como os Fantasmas Estragam Uma Metamorfose
Por Thiago Damasceno
Após
algumas mortes na família (incluindo meu cachorro), volta às aulas a mil por
hora depois de uma greve de três meses, manifestações pelo Brasil afora, aprovação
em um concurso público, boas ideias na cabeça pra um bom romance juvenil,
conclusão da graduação chegando, novas escolhas pra minha carreira acadêmica, a
consolidação de um grande amor, uma viagem muito massa à verdadeira capital do
país (São Paulo), e o anúncio de Bell Marques sobre sua saída do Chiclete Com
Banana... volto a blogar, trazendo o
equilíbrio à literatura cronística cerradense, conforme reza a Profecia...
Meus dedos ficaram um tempão sem
apalpar as teclas, mas andei desenvolvendo meus pensamentos entre ônibus
lotados e pedras pelo meio do caminho. E assim, tem horas que percebemos que
mudamos tanto que olhamos pra trás e nos sentimos estranhos em uma terra
estranha, ou “desterrados em nossa própria terra”, como diz Sérgio Buarque de
Holanda em Raízes do Brasil.
Brasileiro desbrasileirado ou não, gosto
de ver umas coisas como antes, no seu devido lugar. Isso conforta a mente. E
sim, podem me chamar de conservador, nesse ponto. Meu inconsciente me mostrou algo
desse (des)conforto em um sonho que tive indo pra agitada e cosmopolita São
Paulo.
Sonhei que estava descendo as
escadas do meu prédio e me deparei com três pequenos vultos. Percebendo que
eram crianças, corri pra assustá-las, mas elas avançaram e então vi que as três
estavam mortas. Não eram zumbis, como prega a moda. Eram fantasmas. Corri delas
com muito medo. Justamente: medo. Tenho medo de fantasmas. Sempre tive. Os das
estórias e os aparentemente reais. Se tem uma coisa que me dá medo são os ditos
cujos fantasmas. Serial killers chegam a ser menos maléficos pra mim.
O bom disso, tirando o banal e
incipiente exercício freudiano, é que claramente meu medo infantil permanece.
Ainda tenho um pé em algo firme e antigo, como todo mundo. E como o próprio
mundo.
Sonho e escrevo em letras grandes, de novo
Pelos muros do país
John, o tempo andou mexendo com a gente...
(Belchior)
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