Compra
e Venda de Voto: Fenômeno Cômico e Sem Sentido
Por Thiago Damasceno
Como em todo tempo de eleição, o tema
“comércio de votos” é comentado da cidade mais interiorana à camada mais
longínqua da atmosfera, a Exosfera. Muitos falam que é crime, mas falarei disso
de outro modo. O que eles também chamam de crime eu chamo de palhaçada e coisa sem sentido. Amigo leitor, por favor, acompanhe meu
raciocínio.
O comércio de votos consiste no fato
de um candidato oferecer um bem ou serviço material a um eleitor para que o
eleitor vote nele. O eleitor vende seu voto e o candidato, ou algum partidário
do candidato, paga por esse voto. Mas qual a garantia dessa transação?!
Nenhuma, como bem sabemos...
Ninguém vê pra quem os eleitores votam.
As urnas eletrônicas ficam numa posição que deixam o usuário de costas pra uma
parede sem portas ou janelas. Além disso, os eleitores recebem um comprovante
de votação, não de voto. No comércio eleitoral, eu não sei quem é mais burro,
se o candidato, que dá alguma coisa ao eleitor, confiando demais no eleitor com
seu voto que fica em segredo, ou se o eleitor, que mesmo sabendo que apenas ele
saberá o seu voto, pensa em votar ou vota no candidato por uma questão de
“honestidade” ou “ética da corrupção” ao que parece.
Claro que há muitos eleitores espertos
que “vendem” seu voto, mas terminam votando em quem quiser, mas falo dos que
cumprem a aliança com o candidato e votam no candidato que “comprou” seu voto,
mesmo que o candidato não possa ter certeza do voto. Afinal, se ele perder ou
ganhar, como ele vai fazer um balanço mais específico e profundo além de saber
o número de votos que ele recebeu por seção?
O engraçado nisso tudo é justamente
isso: nesse campo de incertezas e desconfianças cria-se um certo pacto de
fidelidade onde ambos, candidato e eleitor, acabam “confiando” um no outro. Confiam
num voto invisível. Tudo no campo do “ninguém viu”, “ninguém pode provar”, mas se
faz um trato. É uma situação absurda e um tanto surreal. Um enredo digno de um
conto fantástico.
Indago novamente: quem é mais burro
no comércio de votos, o candidato ou o eleitor? Ou a relação se baseia na confiança
mesmo ou na confiança às aparências. Nessas horas o ser humano consegue tais
proezas, tais absurdos. Francamente, é
triste... Como pensaria Albert Camus: “É um absurdo!”.
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