A Sua
Lembrança
Por
Joana Lopes
A sua lembrança vem quando leio suas
mensagens, quando ouço sua voz, quando vejo uma foto sua que transborda
movimento e sentimento. Sei que o tempo não para, mas parece que meu pensamento
para. Tudo se converge para sua imagem. Um arrepio percorre minhas costas junto
a uma leve e sincera insatisfação quando penso que poderíamos ser mais, mas não
fomos nem um pouco “longe demais”, como eu queria. Tudo bem. Com a distância,
talvez seja melhor mesmo deixar tudo como está, deixar pra lá.
Com o fim de nossa conversa casual,
que deliciosamente me pega de surpresa, começo a sentir uma profunda solidão.
Sei que tenho companhias e amigos por todos os lados, até quando prefiro ficar
sozinha, mas não adianta. Essa sabedoria é inútil perante a saudade que sinto. A
saudade não conhece a compaixão, não cede um ombro amigo e não passa a mão na
cabeça de ninguém. Junto a essa solidão também me assalta a estranha vontade de
viajar ou de sair conhecendo a cidade, de visitar amigos, de saborear mais as
banalidades dos dias, para, quem sabe, me perder de você, ou ao menos da sua
lembrança que me persegue.
A sua lembrança vem quando menos
espero, quando na verdade preciso me concentrar em outras atividades e deixo-as
por fazer por ficar presa num passado que ainda transborda no presente. Viver
pensando no passado é muito perigoso. Mais nocivo ainda é pensar no “como seria
se...”.
Sendo assim, preciso ir. Outras
pessoas e outras histórias me esperam. Certa vez uma amiga me perguntou o que
era tudo isso que eu sentia. O que esse motivo além da atenção normal que sinto
por você. Atração, paixão?
Disse a ela que só o tempo vai
responder.
“Como
eu queria, como eu queria
que
você estivesse aqui!
Nós
somos apenas duas almas perdidas
nadando
em um aquário, ano após ano.
Correndo
sobre este mesmo velho chão
o
que encontramos? Os mesmos velhos medos.
Queria
que você estivesse aqui!”
“Wish
You Were Here”, Pink Floyd
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