Thiago Damasceno
Buceta Radioativa
Há uma fissura no meio
quem acha seu núcleo
morre de um prazer mortal
Sua cadeia ramificada
enche grandes calçadas
de fregueses vulcânicos
padeiros, aposentados e mecânicos
Todos se aglomeram por ela
e nela depositam sua solução
De Fato, existe o problema
Nossa nobre buceta de cada dia
rogai para que seja consumida
por dentes amolados
assim em cada radiação
terás a noção do perigo
de contaminação urbana
na manhã da aranha radioativa
perseguida pelas multidões
pagando o preço de sua cadeia
ramificada e ensaboada
Antes da primeira refeição
lavar bem as mãos
evitando riscos de contaminação
Sua cara de apetição
Oh Deusa radioativa
apaga as minhas feridas
em teu âmago macio e carnudo
levante cada um dos defuntos
das terras que emanam o mel
Nossa brava meretriz
que a todos servem de bom grado
faça-nos engolir a tua composição
para fertilizar nossas imensas terras
pasma de tanta aberração
por entre campos de destruição
e campos de concentração
visita nosso lar todos os dias
aliás três vezes por dia
para receitar o tratamento viril
radioativanto assim esse meu Brasil
Luciano Noleto
Canto Do Coito Interrompido
Ah! não pare de movimentar
O doce balanço do ar
que embriagua o lúcido
antes mesmo de dormir
trinta minutos em média
antes de vir a tragédia
meu amor não pare de cantar
a infonia do luar.
Por entre entrada e saída
a mesma pedida cuspida
de um carro em desparada
sem freio beirando a chegada
quarenta e cinco minutos
o segundo tempo, mais acrescimos
para quem quer ganhar
e o jogo finalizar.
Mas não pare de cantar
se agora que começou a esquentar
como brasa ferrando cavalo
me abraça num só galopar.
É chegada a hora de tirar
no melhor da história ter que parar
melhor do que esperar
nove meses pra nascer
o herdeiro do canto novo
que faz a vida se renovar.
Luciano Noleto
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