Só Pro Meu Prazer
(Leoni)
Não fala nada, deixa tudo assim por mim
Eu não me importo se nós não somos bem assim
É tudo real nas minhas mentiras
E assim não faz mal, e assim não me faz mal não!
Não venha agora com essas insinuações
Dos seus defeitos ou de algum medo normal
Será que você não é nada que eu penso?!
Também se não for, não me faz mal, não me faz mal não!
Noite e dia se completam no nosso amor e ódio eterno
Eu te imagino, eu te conserto, eu faço a cena que eu quiser
Tiro a roupa pra você, minha maior ficção de amor
E eu te recriei, só pro meu prazer...
Em 1986, Leoni deixou o Kid Abelha e fundou um novo grupo musical, os Heróis da Resistência, que lançou seu primeiro álbum naquele mesmo ano pela gravadora WEA. O baixista, letrista, cantor e compositor, enfim, um “artesão pop como poucos”, como diria o jornalista Arthur Dapieve, continuou a mostrar sua competência artística no novo grupo, participando da composição de excelentes canções como “Esse outro mundo”, “Dublê de corpo”, “Silêncio”, “O fim da estrada”, “Diga não”, etc. Inclui-se nesse rol a famosa e citada no presente texto, “Só Pro Meu Prazer”, regravada por muitos artistas e bandas.
Interpreto-a como uma canção que fala sobre o “amor e ódio eterno” de um casal. A relação se destrói, mas como os amantes se amam, essa mesma relação se reconstrói: “e eu te recriei só pro meu prazer”. Essa recriação é dotada de imaginação, dotada de arte, como em um filme: “eu te imagino, eu te conserto, eu faço a cena que eu quiser”. Assim, as fantasias do casal se realizam: “tiro a roupa pra você, minha maior ficção de amor”. Essas recriações podem ser mentiras, porque serão destruídas novamente, mas mesmo assim “é tudo real nas minhas mentiras”. Eles sabem que a destruição é mentira, é falsa porque será recriada posteriormente. Esse trecho é tão lírico e polissêmico que eu dispenso meus demais comentários, que correm o risco de serem paupérrimos perante tal letra.
Apesar dos desentendimentos, os amantes sempre voltam, não importa como, já que “eu não me importo se nós não somos bem assim” e “será que você não é nada que eu penso? Também se não for, não me faz mal, não me faz mal não!” Ou seja, se não houver volta, haverá um mal maior que a futura destruição da relação, que novamente será reconstruída, um ciclo, tudo isso “só pro meu prazer”, ciclo que também levará prazer à (ao) parceira(o).
Gravei Só Pro Meu Prazer (http://www.4shared.com/mp3/IRe08l73/02_-_S_Pro_Meu_Prazer.html) com o playback do http://www.mundodosplaybacks.net. Boa audição!