ThiagoDamasceno: janeiro 2016

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Cinema: Star Wars – Episódio VII: O Despertar da Força


ATENÇÃO: Texto Com Spoilers!

O Retorno da Força:
Uma Breve Análise de Star Wars – Episódio VII Por Um Fã

Por Thiago Damasceno

É um prazer imenso, espacial e mitológico ver o retorno de Star Wars às telonas com seus personagens icônicos e seus demais elementos que se tornaram presentes no imaginário popular desde os anos 1970, mas Episódio VII – O Despertar da Força não é lá essas coisas que estão falando, como se fosse um dos melhores filmes da franquia ou do ano. É um filme bom. É um bom começo para uma nova trilogia. Apenas.



            Já iniciei o texto com minha opinião e a seguir falarei meus motivos. Começo com as qualidades da obra: trama ágil, boa escolha de elenco, ótimas atuações, cenas de ação no ritmo e na medida certa e toques de mistérios e suspense ao estilo J. J. Abrams, que primeiro apresenta seus personagens e depois mostra seus passados. Pelo jeito, o cineasta fará isso nos próximos episódios, VIII e IX. Aguardo ansiosamente respostas sobre os passados de Rey, Kyle Ren, Luke e Snoke.  Só espero que J. J. Abrams não perca a mão como perdeu na série Lost, onde deixou muitas questões sem respostas.

            É perceptível para os fãs de média e longa data que Episódio VII – O Despertar da Força usa em seu enredo estruturas dos Episódios IV e V. Uns veem isso como homenagem. Concordo em partes. Mas devido à quantidade excessiva de referências estruturais aos episódios anteriores, Episódio VII deixa a desejar em criatividade.

            Estão lá novamente o dróide-chave que todos procuram. Antes era R2D2 com a mensagem da Princesa Léia Organa para o velho mestre jedi em autoexílio Obi-Wan Kenobi, agora é o carismático BB-8 com um mapa para encontrar o lendário jedi também em autoexílio Luke Skywalker; antes o jovem Luke Skywalker deixou seu desértico planeta Tatooine rumo a uma jornada heroica, agora é a vez da jovem Rey deixar o estéril Jakku; antes o Império tinha uma super arma secreta, agora sua filha mais nova, a Primeira Ordem, também tem sua super arma secreta; antes o confronto entre pai e filho era entre Luke e Darth Vader, agora é entre Han Solo e Kyle Ren, também numa ponte sobre um grande fosso, tal qual no episódio V.

            Há várias outras referências menores que considero desnecessárias, mas destaco por último a figura do Velho Mentor. Antes tínhamos uma criatura antiquíssima que conhecia muito bem a Força: era o pequeno mestre verde Yoda. Agora, a maior conhecedora da Força é Maz Kanata. Também pequena e também antiquíssima. Uma versão feminina de Yoda, e laranja.


            Penso que bastavam as referências normais aos episódios anteriores como personagens, naves e temas. As referências às estruturas das estórias e roteiros anteriores prejudicaram o novo episódio. Há tempos eu suspeitava que enquanto a trama trabalhasse com os personagens da trilogia clássica, a nova trilogia não iria avançar muito em termos de “autonomia”. A trilogia do I ao III tem sua identidade e a do IV ao VI também. A nova trilogia (do VII ao IX) iniciou com pouca autonomia pela quantidade excessiva de referências estruturais aos enredos passados, mas com a morte de Han Solo e já apresentados os novatos na saga, creio que nos episódios VIII e IX teremos realmente os episódios VIII e IX, filmes mais autônomos em termos de estrutura e identidade. Assim espero.

            Outros dois pontos fracos do filme são a escassa contextualização política Pós-Queda do Império e o mau uso da personagem Capitã Phasma.

            Devem ter se passado uns 20 anos desde a queda do Império e, mesmo assim, não vemos como funciona a Nova República e a Resistência, apesar de aliada ao poder oficial, encontra-se tão sucateada quanto a antiga Aliança Rebelde.

Na Primeira Ordem, cuja origem é obscura – mas que talvez seja esclarecida nos próximos filmes – temos a Capitã Phasma, que é um soldado diferenciado, mas age pouco e não tem nenhum peso na trama. Talvez os próximos filmes, talvez...

Entretanto, O Despertar da Força é um bom filme de aventura. Como diria uma amiga, praticamente um “As Aventuras de Finn e Rey”. Interessantes esses dois personagens protagonistas, um negro e uma mulher, seguindo a tendência cinematográfica de dar voz a representantes de grupos sociais até então bastante submissos no cinema. Finn é engraçado e ativo, você pensa que ele será o próximo jedi e então... Rey, moça forte e independente revela ser o principal receptáculo do “despertar da Força”, como menciona Kylo Ren ao seu mestre, Snoke.

Quanto aos mistérios relacionados à família Skywalker, Rey e os novos vilões há vários. Kyle Ren, cujo antigo nome era Ben – como seu pai Han Solo o chama – é um jovem rebelde que se espelha na sombra do avô, Darth Vader. Muitos pensam que ele era um discípulo de Luke que foi para o lado sombrio, mas isso não é afirmado com exatidão, deixando a ideia de que talvez Snoke possa ser o antigo discípulo rebelde de Luke. Esperemos as respostas.

Outra coisa que precisa ser mais esclarecida é o uso do sabre-de-luz. Até então a arma era considera super perigosa e só alguém com reflexos de jedi e muito treino poderia manuseá-la. Mas Finn a usa. E ele, tem a Força ou não? Rey usa a arma magistralmente, mas a Força está com ela, porém, só isso seria necessário para bailar com o sabre-de-luz? Kyle Ren deu uma surra em Finn, mas perdeu para a garota. Válido, sendo ele um aprendiz ainda – Snoke diz que precisa terminar seu treinamento – mas ao mesmo tempo um aprendiz que consegue parar um tiro laser no ar. Confuso, tão confuso quanto os caminhos do lado sombrio.

Pontos fortes e emocionantes do filme são a entrada de Han Solo e Chewbacca na Millennium Falcon, o voo da Millennium Falcon após anos estacionada, a trágica morte de Han Solo, as visões que Rey tem sobre seu passado e o encontro da jovem com Luke Skywalker, logo no final da o filme.

Um gancho perfeito para as próximas aventuras galácticas.





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sábado, 16 de janeiro de 2016

Crônica: Essa Coisa Toda de Ano Novo

Essa Coisa Toda de Ano Novo
Por Thiago Damasceno


Sempre achei uma grande besteira essa coisa toda de Ano Novo com suas promessas e juras de positividades eternas, mas também gosto de estar dentro dessa besteira com as amizades do peito. Faz bem pra alma, se é que há alma. Acredito mais em memória do que em alma. Quando se morre, pra onde vão as lembranças? Retornam à Força? São convertidas em raios gama, raios cósmicos, voltam a ser matéria interestelar? Afinal, tudo se transforma e somos poeira das estrelas.

       Na manhã de primeiro de janeiro de 2016 estava dando uma volta pela nossa preguiçosa Goiânia que exibia com orgulho sua ancestralidade rural e tediosa em suas ruas vazias pela ressaca do dia anterior. E eu, também de ressaca, ainda arrotava garrafas de Estrella Galicia e o espumante da meia-noite cuja marca nem procurei saber, só queria mesmo uma dose mais forte pra ajudar a digerir o complicado ano de 2015.

         Mas ver o ano se iniciando daquele jeito, de forma calma e tímida, fez bem. Deu mais ainda aquela sensação de recomeço, como se fala em um poema do Drummond que todo mundo anda compartilhando tanto nas redes sociais que já virou clichê.

        O início do ano foi tipo começo de temporada nova de seriado: no final da temporada anterior a agente Scully encontra um embrião extraterrestre e o agente Mulder quase foi morto por saber demais, mas aí uns caras de preto levam o embrião de volta pro lugar de onde não deveria ter saído e devolvem o Mulder ainda vivo. Pronto: tudo voltando ao normal.

         No mais, só espero que este 2016 não tenha tanto clichês nem tantos porres-clichês pra esquecer as merdices do ano, muito menos embriões de extraterrestres a serem descobertos. Tô desejando mesmo mais estabilidade e sossego, mas sei que isso vai ser difícil.

         Já tô vivido o suficiente pra sentir que vem bagaceira por aí.

                   E muita ressaca. 


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