ThiagoDamasceno: outubro 2015

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Crônica: “Nos Deixem Viver, Pelo Amor de Deus!”.

“Nos Deixem Viver, Pelo Amor de Deus!”

Por Thiago Damasceno


A desgraceira no transporte coletivo é realidade em todas – senão em quase todas – as capitais. Nem adianta listar os problemas aqui porque eles são velhos conhecidos por todos.

E em Goiânia a coisa toda assume tons absurdos e surreais.


            Agora os bilhetes SitPass foram extintos. A primeira raça dizimada, após os cobradores. Sendo assim, temos que usar o Cartão Fácil recarregável, algo considerado mais moderno, chic, Primeiro Mundo, essa merda toda bastante alheia ao cotidiano brasileiro. Acontece que a direção da CMTC (Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo) limitou o uso do cartão. Você só pode usar uma vez por terminal ou ônibus e no máximo quatro vezes ao dia. A justificativa é garantir a segurança dos usuários.
           
            Tá certo... Senta lá, Cláudia.

            Atitudes como essas, que visam apenas aos lucros de poucos por meio da exploração e da criação de mais sofrimento à população confirmam uma ideia livre – e deveras clichê - que tive acerca do nosso sistema políticoeconômico.
           
            Estava eu andando de ônibus quando me veio um pensamento hippie. A parte de mim que ainda está voltando de Woodstock pensou: o mundo está a desgraceira que está, devido, em grande parte, aos obstáculos que põem contra a vida popular.  

            Em outras palavras, como canta Sílvio Brito: “Tem que pagar pra nascer, tem que pagar pra viver, tem que pagar pra morrer”.

            Não, não estou exagerando no drama e não sou a favor de ser caloteiro, mas é que pras camadas menos favorecidas há toda uma política de impedimento à vida. Tudo é muito difícil, desde transporte à manutenção da saúde. O brasileiro pobre e de classe média vive cercado por um dinheirisimo selvagem, uma burocracia avassaladora e demais bloqueios aos atos vitais. Parece que apenas a morte lenta por inação é autorizada. A elite brasileira é sádica. Sua filosofia é de que o outro precisa estar prostrado no chão para que o elitismo possa desfilar.  

            O trabalhador que ganha salário mínimo, o filho desse trabalhador, que estuda em escola pública ruim os e demais cidadãos com estilo de vida semelhante nem sempre têm uma consciência que permitam a eles criticar seus meios sociais e discutir com coerência política e economia, mas sofrem sentem diariamente na pele a exploração dos donos de poder a ponto de erguerem as mãos pros Céus e clamar: “Nos deixem viver, Pelo Amor de Deus!”.


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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Resenha Literária: Os Sete, de André Vianco



Os Sete
Tem Gente Que Não Acredita em Vampiros...

Por Thiago Damasceno


Reúnam todo alho e estacas possíveis porque os vampiros chegaram ao país!  Em Os Sete, o paulista André Vianco apresenta uma trama sombria, ágil e divertida em que vampiros portugueses da Idade Média despertam em solo brasileiro infernizando a vida de muitos em Amarração, Porto Alegre e Osasco.

            Com criatividade, Vianco estabelece seu nome na fase promissora da atual literatura fantástica brasileira, a qual ele foi um dos pioneiros, senão o primeiro, na abertura do mercado para essa vertente.   O autor adapta com maestria o mito do vampiro à história luso-brasileira e ao contexto nacional. 


Trama de Sombras e Sangue

Nobres homens de bem, jamais ouseis profanar este túmulo maldito. Aqui estão sepultados demônios viciados no mal e aqui devem permanecer eternamente. Que o Santo Deus e o Santo Papa vos protejam”.

            Esses são os dizeres encontrados numa das faces de uma enorme caixa de prata. O insólito objeto foi encontrado em uma caravela portuguesa do século XV adormecida no fundo do mar há dois quilômetros da costa de Amarração, pequena cidade do litoral gaúcho.
            
        Os amigos mergulhadores Tiago e César encontraram a velha embarcação naufragada e venderam alguns objetos perdidos que encontraram lá, como moedas de ouro e prata e ídolos, conseguindo um bom dinheiro. Intrigados com a caixa de prata e dispostos em receber mais verba por ela, contataram a velha amiga Eliana, estudante de História da Universidade Soares de Porto Alegre (USPA).

            A equipe da USPA, chefiada pelo professor e historiador Delvecchio, retirou a caravela do fundo do mar e levou a sinistra caixa de prata para análise em um laboratório improvisado num galpão na praia de Amarração. Na superfície da caixa, além da advertência, encontraram sete nomes: Lobo, Tempestade, Acordador, Gentil, Espelho, Inverno e Sétimo. Ao abrirem o objeto, descobrem sete múmias. Seriam os sete demônios da inscrição? Segundo o professor Delvecchio, obviamente que não. Deveriam se tratar de judeus caçados pela Inquisição, instituição instaurada no Reino de Portugal entre 1521 e 1530 durante o mandato de Dom João III, o Piedoso. Para Delvecchio, aquelas múmias se tratavam de judeus acusados de bruxaria.

            Tudo seguia com bastante empolgação científica até que Eliana se feriu nas bordas da caixa e deixou sangue escorrer para um dos corpos. Horas depois os pesquisadores perceberam que o corpo estava se regenerando. Junto a isso, somou-se o estranho frio repentino que se abateu sobre a cidadezinha, e em pleno verão.  

            Com o correr das horas, o corpo foi se regenerando mais e o “frio do cão”, como diziam alguns moradores, aumentou tanto a ponto de se tornar mortal. Tiago, de mente mais aberta ao sobrenatural, considerou que aquele corpo era um bruxo e se trata de Inverno, conforme estava escrito na caixa. Dito e feito.

            Inverno recuperou a plena forma física e despertou. Carregou consigo um dos corpos, chamando-o de “maldito” e disse que vai voltaria para buscar seus outros irmãos e a doce menina que o despertou, Eliana. Nessa altura do campeonato, o Exército já tinha destacado alguns soldados para a localidade, mas eles não foram suficientes para vencer Inverno. Mortes, terror e um frio mortal começaram a aterrorizar a pequena cidade.

            E isso é apenas o começo do rastro de sangue.

Vampirismo Português em Terras Brasileiras

            Os sete vampiros são portugueses. Em todo o livro são deixadas pistas da origem deles, até que um pouco depois da metade do enredo Miguel (Gentil) revela toda a história dos sete malditos para Tiago. Gentil é um vampiro mais afeiçoado aos humanos, embora também tome sangue e não lute contra seus outros irmãos. Eles se denominam irmão por terem vivido muito tempo juntos, mas apenas Miguel e Sétimo são irmãos de sangue.

A história que Miguel revela para Tiago aborda um reino Portugal medieval com um povo temeroso às criaturas das trevas, com castelos e caçadores de vampiros. Os sete vampiros viveram toda uma intriga com muitas mortes e traições e desejam, com exceção de Miguel, recuperar sua mãe de sangue (Eliana, que despertou o primeiro dos sete) e voltar para Portugal. Miguel, por sua vez, resolve acordar o temido Sétimo por meio de Tiago, mas antes, revela ao humano a história dos sete.         

Resumi essa história ao final do texto. Não creio que contá-la seja tanto um spoiler, pois não revela algo no presente ou no futuro da trama, apenas põe luz em mistérios do passado. Logo, para quem ainda não leu o livro, basta ignorar o último tópico deste texto. O resumo também é útil para quem leu Os Sete caso queira relembrar alguns pontos da trama antes de dar prosseguimento à leitura da saga, que continua em mais 5 livros: Sétimo, O Senhor da Chuva e a trilogia O Turno da Noite.


 Os Vampiros de Os Sete

Para alegria dos inconformados com os vampiros da Saga Crepúsculo, Vianco nos apresenta vampiros diferentes. Segundo o próprio autor, no Nerdcast 379 – Literatura Fantástica Brasileira, os vampiros de Os Sete são vampiros clássicos, até estereotipados. Eles temem a luz do Sol, alho, estaca, têm mais força, velocidade, inteligência e resistência que os humanos. Só não têm medo de crucifixos.

Justamente pelo passado, personalidades e modos de falar, os vampiros são os personagens mais carismáticos da trama, por mais violentos que sejam. Em alguns momentos não matam, em outros matam devido à sede por sangue e em outros momentos por pura maldade, mas de fato, são os personagens que mais chamam atenção na leitura. Os personagens humanos são coadjuvantes em boa parte da trama.  

Muitos capítulos narram a busca de Guilherme (Inverno) e Manuel (Acordador) aos seus irmãos, e essa parte é muito, mas muito divertida porque os vampiros vão conhecendo por si mesmos o mundo moderno no Brasil. Deparam-se com um helicóptero e o chamam de “inseto de ferro voador que cospe luz”. Chamam um trem de “serpente de ferro” e por aí vai. Assustam-se bastante com inventos da modernidade como carro, luz elétrica, geladeira, edifícios, rádio, dentre outros. Isso, mais o sotaque lusitano com expressões como “pitéu, ó gajo, ô brasileiro, ó pá e cara de bacalhau” dão um ar hilário para as criaturas sem alma. O tom que se tem é que estamos assistindo a um daqueles bons e velhos filmes de aventura da Sessão da Tarde em que monstros saem andando por aí. Os ingredientes ação, comédia, terror e horror estão na medida certa em Os Sete.

Aspectos Literários e Ficcionais

O narrador de Os Sete é onisciente e seu foco ou pessoa narrativa é a terceira pessoa do singular, com traços de impessoalidade e pessoalidade, às vezes esbarrando no discurso indireto livre, quando a fala do narrador se mistura às falas dos personagens ou quando o narrador relata usando os pensamentos e vocabulários próprios dos personagens.

O tom da narrativa é rápido e direto, mas com pitadas de poesia macabra, assim digamos. A trama de Vianco é bastante visual e com muita ação. É um thriller. Os personagens humanos precisam descobrir a verdade por trás de mistérios e fatos enquanto tentam sobreviver a ataques fatais contra suas vidas. Quem curte um bom suspense tem um prato cheio disso em Os Sete.

Como já mencionado, a narrativa tem momentos violentos, sombrios e engraçados, mas sempre com naturalidade e com equilíbrio. Porém, faço “vista grossa” à questão do ponto de vista, a perspectiva na qual a estória é contada. O tratamento dado ao ponto de vista é inconsistente, pois esse salta de um personagem para outro muito rápido e sem uma organização muito bem definida. Mas em termos literários, um ponto alto de Os Sete são os diálogos.

Os diálogos do romance Vianco reproduzem na medida do possível a linguagem cotidiana brasileira. Além de retratar bem a fala portuguesa por meio de seus vampiros. Tal aspecto contribui para a verossimilhança da obra e caracterização dos personagens.

            Elogio a trama em sua forma geral, mas ao meu ver ela possui algumas “pontas soltas”.  

            A primeira é sobre a história dos mortos vivos. Ainda no começo da narrativa, Manuel (Acordador) ressuscita cinco defuntos e um capítulo é dedicado à história de três deles. Porém, são histórias cujas conclusões não mostradas posteriormente e que pouco contribuem para o andamento do enredo. Esses zumbis deveriam ser mais aproveitados ou menos aproveitados, não o tratamento de meio-termo dado a eles. Dois aparecem no final, sendo bastante úteis à trama, mas apenas dois dos cinco.

            E por falar em aproveitamento de personagens, em certo momento o Exército é auxiliado pelo Padre Alberto Cantor, especialista em assuntos paranormais e que até trabalhou em um caso envolvendo anjos, conforme comenta um dos personagens. Todavia, Padre Alberto apenas comenta um pouco, olha os raios-X das múmias, diz que são vampiros por causa de suas arcadas dentárias e depois desaparece. Apesar de esbarrar no clichê – um padre especialista no sobrenatural – Padre Alberto Cantor deveria ter aparecido mais no enredo. Outro que foi esquecido, da metade para o final do romance, foi o professor Delvecchio, que apesar das provas em contrário, passa o romance todo acreditando que os seres sanguinários se tratam de extraterrestres que foram a Portugal na Idade Média. 

            Outro furo foi a desimportância que os vampiros deram à história humana e a Sétimo. Logo após despertar, Guilherme (Inverno) escondeu o cadáver do maldito em um hotel abandonado de Amarração. Durante a estória, os cinco vampiros (Guilherme, Manuel, Fernando, Affonso e Baptista) querem apenas pegar a caravela de volta para Portugal para voltarem ao castelo no Rio D´Ouro e se vingarem dos descendentes de Tobia, o caçador que os prendeu na caixa de prata. Miguel é um estudioso do mundo humano e menciona que os seus irmãos têm o mesmo interesse que ele, mas será que esses cinco vampiros não conseguem raciocinar que, se a antiga colônia portuguesa, o Brasil, está em outro nível cultural, Portugal também não estaria? Logo, é bem possível que o antigo castelo do D´Ouro nem exista mais!

            Além disso, os vampiros passam toda a trama temendo Sétimo, dizendo que ele é mais forte, que irá encontrá-los em qualquer lugar, etc. Se Sétimo é visto como mais forte, porque no passado, ao voltar do Inferno, procurou a aliança de Tobia para se vingar dos irmãos? Creio que essa questão se responda nas demais obras da saga. Outra questão: se Sétimo pode encontrar todos, porque Guilherme deixou sua múmia no hotel e embarcou na caravela de volta para Portugal? Um dia alguém poderia encontrar Sétimo. E realmente encontra...

            E o despertar do monstruoso Sétimo é o gancho para o próximo livro da saga, que leva seu nome, Sétimo. A trama de Os Sete termina de forma aberta, indicando todo um universo vianquiano por vir.

Um Pouco de História


André Vianco nasceu em 1976 na Grande São Paulo e foi criado em Osasco. Após perder o emprego, dedicou-se a terminar Os Sete e depois de muito esforço e dedicação conseguiu ser publicado no final dos anos 1990 e início dos 2000, época de estouro da saga Crepúsculo.

Como mencionam outros autores como Eduardo Spohr, Raphael Draccon, Leonel Caldela e Affonso Solano no Nerdcast 370 – Literatura Fantástica Brasileira – Vianco é uma referência no ramo por ter conseguido ser publicado em um momento anterior ao boom da Internet e nas redes sociais no país, elementos que ajudaram outros autores como Eduardo Spohr.

            Vianco conseguiu começar a construir seu nome como autor numa época em que não era comum no mercado literário a presença de autores nacionais escrevendo no gênero fantástico, ainda mais sobre vampiros, tema bastante abordado na literatura. Mas com criatividade e perseverança ele adaptou de forma empolgante o mito dos sanguessugas e pôs seu nome na galeria da bem sucedida fase comercial da literatura fantástica nacional.


Referências

Jovem Nerd (Site Oficial). Nerdcast n° 379: Literatura Fantástica Brasileira. Disponível em http://jovemnerd.com.br/nerdcast/nerdcast-379-literatura-fantastica-brasileira.  Acesso em 08/09/15.

JUNIOR, Benjamin Abdala. Introdução à Análise da Narrativa. São Paulo: Scipione, 1995.

LODGE, David. A Arte da Ficção. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

VIANCO, André. Os Sete. São Paulo: Novo Século, 2001.

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Tópico Extra: A História dos “Vampiros do D´Ouro”

Miguel diz para Tiago que, há muitos e muitos anos, “muito antes de Portugal ser chamado Portugal, quando o Céu e o Inferno entraram em conflito, nós fomos criados”. (VIANCO, 2003, p. 274). “Eles vieram” numa noite escura e transformaram muitas pessoas em seres sem alma, em vampiros. As centenas de novos vampiros, confusos com sua natureza e sentindo-se excluídos dos homens, criaram uma vila própria, mas como a sede por sangue humano foi inevitável, atacaram os vilarejos vizinhos. Devido a isso, passaram a ser caçados, e a cada dia os humanos aprendiam mais sobre aqueles seres sem almas, tornando-se mais eficientes em suas caçadas, até que certo dia, atacando junto com a luz do Sol, conseguiram dizimar quase todos os vampiros. 30 dos seres sombrios aproveitaram a chegada do crepúsculo e fugiram do massacre.

            Os 30 passaram a habitar um castelo às margens do Rio D´Ouro, castelo esse amaldiçoado devido ao fato de todos os seus habitantes e vizinhos terem morrido de Peste Negra. Lá, os 30 – 22 homens e 8 mulheres estéreis – viveram da forma mais discreta possível, atacando apenas viajantes para não chamar a atenção dos humanos que moravam na região, e acolhendo no seu feudo criminosos e demais excluídos da sociedade que garantiam a segurança do castelo durante o dia. Em troca, esses humanos poderiam viver tranquilamente e sem os ataques dos vampiros. Eram os anos de Dom Diniz, rei ocupado com a consolidação do reino português e desatencioso quanto aos boatos dos “vampiros do D´Ouro”. Mas essa paz iria acabar.

            Quatro dos 30 vampiros cansaram-se da vida enclausurada e passaram a atacar por prazer e até retornaram à antiga vila em que moravam em busca de vingança. Eram Guilherme, Sétimo, Rodolfo e Constança. Todos se consideravam irmãos, mas os únicos irmãos de sangue e útero eram Miguel e Sétimo. Este ainda era um menino quando foi transformado em vampiro e se tornou mais poderoso e maléfico que todos os outros. À medida que passavam os anos, os vampiros se tornavam mais fortes, mas com Sétimo foi diferente. Sua evolução foi mais rápida. Conseguiu enxergar no escuro e ter uma velocidade incrível bem mais cedo que os outros. Sua sede por sangue também era incontida. Tornou-se uma espécie de adolescente manipulador, ciente de seu poder e temor que inspirava aos demais. Mas até o “reinado” de Sétimo teria fim.

            Sua hegemonia chegaria ao fim quando Dom Afonso IV, o Bravo, assumiu o trono em 1325. Após vencer conflitos monárquicos internos, o novo rei voltou sua atenção para os vampiros. Enviou cinco cavaleiros para exterminá-los, mas esses foram vencidos. Depois, transformou seu general de confiança Tobia, em um especialista nos Assuntos Negros. Tobia foi um exímio caçador, formou um exército com o apoio real e infernizou a vida dos 30 vampiros, reduzindo-os a sete: Sétimo, Guilherme, Manuel, Fernando, Affonso, Baptista e Miguel.

            A partir de 1325 todos os descendentes do caçador Tobia também foram batizados como Tobia (s) e desde pequeno treinados para caçar vampiros.

            A preocupação dos vampiros com Tobia e as irresponsabilidades sanguinárias de Sétimo eram tamanhas que Guilherme, o mais forte depois de Sétimo, encontrou uma bruxa e com ela invocou Lúcifer. Guilherme propôs que o Príncipe das Trevas lhes desse poder suficiente para vencer o exército de Tobia. O Diabo propôs uma troca: seis incríveis poderes a seis vampiros em troca de um deles como escravo por 150 anos.

            Os vampiros queriam se desfazer de Sétimo. Bastava convencer seu irmão, Miguel, a fazer a troca. Este se opôs, então os outros cinco vampiros conspiraram contra os dois irmãos.

            Os cinco assassinaram Nathália, moça do feudo por quem Miguel era apaixonado, e deixaram em suas mãos o crucifixo de ouro de Sétimo, fazendo Miguel acreditar que o irresponsável irmão matara sua amada. Enlouquecido de ódio, Miguel decidiu entregar Sétimo. De imediato, Lúcifer apareceu perante eles aceitando o acordo. Sétimo também surgiu, mas foi arrastado pelo Diabo paras as profundezas. Os outros seis adquiriram poderosos dons, e também alcunhas dadas por eles mesmos.

Affonso tem o dom de se transformar em um gigantesco lobo. Daí sua alcunha: Lobo. Manuel – Acordador – desperta os mortos ao comando de sua voz. Baptista – Tempestade – comanda chuvas, trovões e relâmpagos. Fernando – Espelho – pode transformar sua aparência na de qualquer pessoa que aviste. Guilherme – Inverno – é um manipulador do frio. E Miguel – Gentil – tem o maior dom de todos, mas só pode usá-lo uma vez a cada ciclo lunar. Por sorte da humanidade, esse é o vampiro mais “bonzinho”.

Os 150 anos passaram e Sétimo retorna do Inferno no século XV português. Porém, o vampiro volta ainda mais forte, com aparência monstruosa, podendo voar e até andar de dia. Muitos detalhes não são revelados, apenas que Sétimo se alia a Tobia – um descendente do Tobia original - para vencer de vez seus seis irmãos e Tobia o trai, encarcerando todos os sete vampiros em uma caixa de prata. Talvez nas próximas obras da saga mais detalhes da prisão dos sete sejam revelados. A caixa é então levada em uma caravela até a Ilha de Vera Cruz – atual Brasil -, para onde levavam os criminosos. Lá, a caravela é afundada com um tiro de canhão e os setes vampiros ficam por mais de quatrocentos anos nas profundezas do mar brasileiro. 


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