ThiagoDamasceno: março 2014

quarta-feira, 26 de março de 2014

Literatura e Cinema: Comentando “O Hobbit”

Comentando O Hobbit

Por Thiago Damasceno


Cumprindo a promessa de semana passada, retorno a postar nesta casa virtual tal qual um hobbit bolseiro retornando ao seu aconchegante lar doce lar no Condado após inúmeras aventuras em terras sombrias. Pois bem...

Nesta semana terminei minha leitura de O Hobbit, e neste post não pretendo de forma alguma fazer uma análise literária da obra – até porque ainda não tenho conhecimentos teóricos e técnicos para tal – mas apenas mencionar minhas impressões ao lê-la e comentar coisas gerais sobre o livro e os filmes. Sou apenas um escritor de primeira viagem buscando aprender os ossos do ofício com os mestres.



O romance inglês O Hobbit (1937), escrito por John Ronald Reuel Tolkien, conta a estória de Bilbo Bolseiro e da companhia de anões de Thorin Escudo de Carvalho rumo à Montanha Solitária, onde repousa o terrível dragão Smaug sobre o lendário tesouro dos anões. Nessa obra, viajamos pelas paisagens, personagens e estórias da Terra-Média, lugar mitológico que ficou mais conhecido mundialmente com a trilogia literária e cinematográfica O Senhor dos Anéis.

O Hobbit é uma obra fundamental para introduzir qualquer pessoa no rico universo criado por Tolkien. Uns falam que é uma obra feita para crianças, pois sua estória é simples: um bando de aventureiros parte para matar um dragão e recuperar um tesouro roubado. Mas, como todo tema de estória pode ser simplificado – em termos de palavras – e toda trama tem suas subtramas, sou da opinião de que O Hobbit é feito para todas as idades, sendo aconselhável tanto para crianças quanto para jovens e adultos que desejam viajar na imaginação. A linguagem e as técnicas de Tolkien, simples e sofisticadas, estão em plena sintonia, permitindo sua compreensão por crianças e não desconsiderando os leitores adultos. Talvez a ideia de que é uma obra para crianças seja pelo fato de o narrador mencionar várias canções, utilizar onomatopeias e explorar a sonoridade das palavras, sendo tais efeitos mais associados à infância. Porém, temas maduros e mais sombrios são constantes na obra.

Meu capítulo preferido é o quinto, intitulado Adivinhas no Escuro. Nele, Bilbo encontra Sméagol/Gollum no interior das Montanhas Sombrias e, consequentemente, também encontra o Um Anel, que é citado apenas como um anel mágico antigo que confere invisibilidade ao seu portador. No contexto geral do universo tolkeano, sabe-se que, nessa fase da grande trama, Sauron ainda não está tão poderoso, de forma que o anel está numa fase digamos que... “dormente”. Assim, ele não é visto como o maligno anel que tocará o terror Terra-Média afora.
           
Nesse capítulo, achei muito interessante o processo de apresentação e construção de Gollum. Em todo o livro, é autor é onisciente e usa elementos discursivos que atraem o leitor e o situam na estória, como “nossa história”, “vamos ver que...”, “vocês devem se lembrar”, dando-nos a impressão de estarmos em coletividade ouvindo o contador, remetendo a um ambiente folclórico. No entanto, esse narrador, ao apresentar Gollum, “perde” sua onisciência e desconhece Gollum, até diz “Ali no fundo, na beira da água escura, vivia o velho Gollum, uma pequena criatura viscosa. Não sei de onde veio, nem quem ou o que ele era. Era um Gollum – escuro como a escuridão, exceto por dois grandes olhos redondos e pálidos no rosto magro” e aos poucos, vai conhecendo o personagem, inclusive seu passado e seu gosto pelo anel mágico. O narrador entra em contanto com Gollum e seu anel paralelamente ao leitor, de forma que isso une cada vez mais narrador, personagem e leitor. Meus estudos de técnica literária estão iniciando agora, mas sinto que posso dizer que Tolkien, no processo de apresentação e construção do personagem Gollum, usou o recurso do fluxo de consciência (de forma simples e “camuflada”), demonstrando, discursivamente, os pensamentos e/ou opiniões do personagem. Apenas acho.

Quanto aos dois filmes que temos até agora...

São bons e bem produzidos, mas como li em um site cujo nome não lembro agora, evidenciam o caráter megalomaníaco de Peter Jackson. De forma nenhuma a estória de O Hobbit cabe em três filmes. É uma estória modesta – comparada às outras - dentro do universo Tolkien, por mais que nela se explique como Um Anel foi encontrado por um hobbit. Agora é esperar pelo próximo filme, que representará, em três horas, a morte de Smaug e o desfecho do lendário tesouro dos anões, e no meio haverá, claro, coisas que Peter Jackson inventa como Legolas e etc para segurar – e enrolar –o filme até que ele dure três horas, Mas como fã que sou, não quero nem saber... vou vê-lo assim que entrar em cartaz!


Contudo, entretanto, todavia, fica claro que os filmes estão bem adaptados e expressam claramente a mensagem mitológica, simples e humana do livro: a riqueza em excesso corrompe; o ouro excessivo gera ganância e a ganância não fornece uma vida plena, pois um ser consciente e saudável precisa de mais coisas do que ouro, como amizades, lealdade, equilíbrio, coragem e boas histórias para contar.

Por fim, meus sentimentos ao ler o último capítulo do livro...

Concluem-se nele as etapas básicas da Jornada do Herói e as consequências da ação, como a morte de três personagens carismáticos e as relações entre homens, anões e elfos no entorno da Montanha Solitária, que são satisfatórias. O retorno de Bilbo ao lar é tão agradável quando a Vila dos Hobbits, e a leitura dos últimos acontecimentos – cotidianos e banais, diga-se de passagem – geram saudade, me fazendo pensar em quantos meses se passarão ate que eu sinta necessidade de enveredar de novo pelas estradas e palavras de Lá e de Volta Outra Vez.



Referência
TOLKIEN, J. R. R. O Hobbit. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Obs: O papel dessa edição é de dar inveja a qualquer pergaminho élfico. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Crônica: Espelhos Não Mentem

Espelhos Não Mentem
Por Thiago Damasceno

Numa noite dessas me peguei olhando umas fotos no computador. Retratavam férias na cidade natal, música pela madrugada, amizades à beira de um rio, etc, etc. Mas olhei-as com uma visão de terceira pessoa tal qual um autor que escreve uma história da qual ele não participou. Então fui pro espelho. Fiquei frente a frente com meu estranho Eu. Aí o espelho falou:

- É você mesmo, cara! E para de frescuragem!

            É. De fato, espelhos não mentem. E já é hora de tomar vergonha na cara, parar de saudosismo mimimi e ir se acostumando que você é um personagem complexo numa longa trama cheia de surpresas e reviravoltas e que isso faz com que você viva mudando o tempo e fique se perdendo entre o mar de possibilidades que há por trás de cada escolha e de cada evento, independentemente da sua vontade.  

            O espelho gritava tanto com sua boca vidrada que cuspia cacos de vidro na minha cara. Então peguei o objeto e lhe dei uma volta inteira virando-o contra a parede. Já era hora de ele olhar pro futuro.



Hello, camaradas muchachos! Andei mais sumido do que programação decente na TV aberta aos domingos, e após quase quatro meses de sumiço, voltei das cinzas dos meus ossos e reativo o blog. Nesse tempo, pessoas morreram, 2014 chegou, o Carnaval passou, o Chiclete com Banana acabou, cursos de graduação foram concluídos aos trancos e barrancos, partes de romances e contos foram escritas, monografias foram defendias, a Rússia crimetizada russificou a Crimeia russificada (ou vice-versa ou versa-vice) e tem até um pessoal fazendo a Marcha da Família com Deus pelo sei lá o quê. Mas pelo jeito que o mundo pós-moderno anda, é capaz de daqui a uns dias ter a Marcha com Goku Pela Maconha, a Marcha com Odin pela Porralouquice, a Marcha com Lúcifer Pelo BBB e vá lá...

 Mas ainda estamos por aí, dando voltas bobas em torno do Astro-Rei tentando achar o bronzeado perfeito antes de contrair câncer de pele. Comprometo-me há fazer atualizações semanais a cada semana por todas as semanas - como sempre foi por todas as semanas - com o que há de mais útil para a família brasileira... indo da descontração a coisas mais sérias.

No mais, economize água e não encha o saco do próximo.


Até semana que vem!