ThiagoDamasceno: outubro 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Portuguesando: "De a pé" ou "A Pé"? "Esperiência" ou "Experiência"?

         Hoje é a estréia do novo design do blog, desenvolvido pelo inabalável e primeiro colaborador deste site, Jarlony da Silva Telles. Para não deixar o design sozinho e triste, resolvi estrear também a seção Portuguesando.  Nela mostrarei temas da nossa fala e escrita e erros da nossa língua portuguesa que ferem os princípios da Gramática. Todos devem estar cientes da velha rixa entre os tradicionalistas e os liberais, os que defendem a Gramática e os que tentam ignorá-la, respectivamente. Não perco o sono com isso, o que importa é a comunicação, mas também não faço tempestade em vaso sanitário (pense no estrago) para estudar um pouco as regras gramaticais e ver como são consideradas, oficialmente, as formas cultas de falar e escrever. Vamos lá!

De a pé, De pé, À pé ou A pé?




        Uma dúvida pedestre, transeunte... Se eu te contar que fui a algum lugar, eu fui de a pé, de pé, à pé ou a pé? A Gramática diz que fui a pé, pois não existe preposição antes da palavra pé (só esqueci o livro em que li essa pequena regra, mas ela não saiu da minha cabeça) muito menos crase antes de palavra masculina. Então, fui a tal lugar a pé.
        Não é novidade que cada estado e região têm seus modos de falar, gírias, etc. O engraçado é que também têm suas agressões contra a chamada norma culta. Quando eu morava no Maranhão, e quando se vai para lá também, ouvi-se muito fui de pé. Aqui no Goiás, ouvi-se mais fui de a pé. Dialogando nos dois estados constatei isso.

Esperiência ou Experiência?

OPORTUNIDADE DE TRABALHO
PARA MOÇAS ACIMA DE 20 ANOS,SENHORAS E CASAIS
Obs: NÃO PRECISA TER ESPERIÊNCIA
PREENCHA ESTE MINI CURRICULO E COMPAREÇA

Nesta Segunda feira das 9:00 as 11:30 horas
Av. Anhanguera c/ Av. Araguaia, Ed. Cidade de Goiás
sobre loja (celline jóias) sala 03
Centro de Goiania


        A foto acima é um anúncio de emprego que estava fixado na parte interna de um orelhão. Veja o Obs: Não Precisa Ter Esperiência. Caso alguma pessoa apareça com “esperiência”, eu gostaria de conhecê-la, pois ela deve fazer parte de uma cultura bem exótica. Seria melhor “experiência”, com x. Também falta acento agudo em “curriculo” e acento circunflexo em “Goiania”. A crase na indicação do número de horas também não marcou presença em “das 9: 00 as 11: 30 horas”, que deveria ser “das 9: 00 às 11: 30 horas. Outro fator engraçado é a “Segunda feira” sem hífen, o que não indica um dia, mas sim uma segunda feira, um segundo local de comércio, com uma confusão de horas. Uma interpretação ao pé da letra seria mais ou menos assim: Nesta 2ª Feira das 9: 00 as...
       
Até o próximo Portuguesando!

Thiago Damasceno

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Crônica (Escrita no dia 12/10/10)


Domingo Globalizado

Por Thiago Damasceno

         A globalização está na moda. Como o próprio nome diz, ela abarca considerável parte do globo terrestre. Eu pensava que o domingo era um dia santo, mas após refletir um pouco, vi que é um dia bem capitalista. Você verá isso, caro leitor, nas linhas seguintes. A globalização pode ser definida como um processo de integração entre economias e sociedades de vários países, principalmente nos campos de produção de mercadorias e serviços e informação. Ela também pode ser estudada como conseqüência de uma bruta expansão do capitalismo no mundo a partir da década de 1980, que assistiu a uma crescente falência do socialismo, culminada com o fim da URSS em 1991. Deixando de lado alguns tópicos de Geografia e História, partirei para o objetivo principal do presente texto.
         Um dia desses, num desses domingos propositais, eu decidi ir a uma feira árabe em um shopping center daqui de Goiânia. Vi a propaganda num outdoor e fiquei mais empolgado que menino vendo um circo chegar à sua cidade, pois sou apaixonado por cultura árabe. A entrada era gratuita, melhor ainda. Como a globalização realiza a integração, ou várias, chamei um velho amigo para presenciar comigo o bendito evento. Visitamos a feira, mas eu não gostei tanto assim. Pensei que haveria mais coisas para se ver, mas tudo bem, nem só de feiras árabes vivem os shoppings centers.
         No caminho para o shopping vimos em outro outdoor outro anúncio: duas pizzas grandes por R$ 19.90! Só no... Não vou citar o nome do restaurante por motivos éticos (não vou receber nada em troca da propaganda). Como o restaurante transnacional tinha um estabelecimento no shopping e as pizzas tinham um preço acessível naquele momento, optamos por devorar as duas lá mesmo. Comemos, comemos e comemos e após abrir um pouco o zíper da calça para deixar a barriga crescente em plena liberdade, fiquei pensando naquilo tudo. Vi como é possível ver a tal globalização cara a cara nos shoppings ou em qualquer zona de comércio. É fácil observá-la. Lojas oriundas de vários países, produtos importados, exportados, caseiros, artesanais, manufaturados, industrializados, novos com caras de velhos, velhos com caras de novos, cursos de inglês, espanhol, língua mortas, línguas do outro mundo, revistas sobre vários assuntos, livros disso e daquilo, etc, etc e bota etc nisso. A Internet é outro meio explícito do fenômeno. Um japonês pode acessar este blog e se não souber português, pode traduzir on-line e ler tudo. Gente que eu nunca vi está me lendo neste momento e amanhã, posso assistir As Panteras 2: um filme norte-americano com um ator brasileiro. Esses são alguns exemplos do nosso mundo globalizado, mais relacionado. Estamos mais perto de cada canto do mundo (via pau-de-arara, avião ou You Tube), mas não se engane, ainda há muita diferença entre os países e seus cidadãos, por mais que haja integração. Integração não significa união.
         Pois bem, so fine, aquele foi meu Domingo Globalizado: fui a um shopping center brasileiro para visitar uma feira árabe e terminei saboreando comida italiana em um restaurante americanizado... Preciso dizer mais? Claro que sim! Como eu poderia esquecer...

Até a próxima! Hasta La vista! Goodbye! Sayonará!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poema

O Ciúme

O ciúme deitou-se comigo ontem à noite
Rolamos com selvageria na cama
Ele me despiu, me dominou
Seu prazer tem um certo ar de maldição

O ciúme fez de mim seu mais humilde servo
Eu lhe respeito, lhe obedeço, lhe beijo suavemente
Me deixo envolver no seu abraço
Dele sou mais um escravo

O ciúme trai, separa e destrói
E eu acredito no ciúme

O ciúme fere, mata e convence
E nós acreditamos no ciúme

Thiago Damasceno